Passados quatro meses, os geradores foram rebocados para terra devido a problemas técnicos. Uma fonte do sector contou ao JE há uns anos que um dos problemas foi o peso criado pelos mexilhões, que se agarraram às máquinas, para surpresa dos promotores. Em poucos meses, acrescentaram mais de uma tonelada ao peso total dos geradores, obrigando ao reboque para terra, revelando os (inúmeros) desafios de tentar produzir eletricidade em meio aquático.
Com a crise financeira de 2008 a explodir, o financiamento do projeto revelou-se problemático e a operação foi encerrada. A EDP, Efacec e os australianos da Babcock&Brown detinham 77% com o restante a pertencer à Pelamis. Depois do piloto, a ideia seria instalar 25 máquinas com uma potência total de 21 MW para abastecer 15 mil famílias.
Este projeto teve o óbito declarado há mais de uma década, mas agora há outro piloto de produção de eletricidade a partir de ondas águas portuguesas a fazer o seu caminho.
A companhia sueca Corpower Ocean anunciou hoje que obteve um financiamento de 32 milhões de euros para financiar o seu projeto. A ronda de investimento foi liderada pela japonesa NordicNinja, o banco sueco SEB, a InnoEnergy, e portuguesa Iberis Capital, ou a Santander Asset Management.
A companhia conta atualmente com operações na Suécia, Noruega, Portugal e Escócia e tem o objetivo de expandir-se para a costa oeste dos EUA.
Desde a sua fundação em 2012, que já assegurou 95 milhões de euros em financiamento público e privado. Cada uma destas bóias tem 19 metros de altura, 9 metros de largura, e com uma potência de 300 kw.
Os maiores desafios que tem enfrentado é criar uma maior resistência da bóia a tempestades e como gerar eletricidade eficientemente em condições normais no oceano.
Em fevereiro, a empresa anunciou a conclusão da primeira ronda de testes, que tinha arrancado em agosto de 2023, revelando que a máquina C4 “demonstrou capacidade única” para “vários estados do mar”, “limitando a resposta a tempestades extremas de ondas (até 18,5 metros)” e “capturando energia em ondas regulares2. O programa de testes continua neste momento.
Na ocasião, a empresa destacou que a bóia sobreviveu às tempestades Babet, Aline e Domingos. A 4 de novembro de 2023, durante a tempestade Domingos, as ondas atingiram 18,5 metros, um recorde histórico para a região norte do país, segundo o Instituto Hidrográfico de Portugal.
Em comunicado, o CEO disse que o financiamento segue-se aos resultados dos testes realizados na Aguçadoura no norte de Portugal “onde o Corpower C4 tornou-se o primeiro aparelho em escala comercial a demonstrar com sucesso a capacidade para sobreviver às maiores tempestades do Atlântico com uma grande capacidade de produção em relação ao tamanho e custo do equipamento”, segundo o também co-fundador Patrik Moller.
Na Irlanda, a empresa está a desenvolver um projeto com a elétrica estatal ESB ao largo de Country Clare, um projeto de 39 milhões de euros.
A companhia destaca os recursos existentes na costa atlântica europeia, a costa oeste dos EUA, a América do Sul, África, Índia, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia e Japão, com a “energia das ondas a ser uma das maiores fontes de energia” existentes, em níveis potencialmente semelhantes à capacidade nuclear ou hídrica.