Na cidade de Lisboa, as avaliações das casas feitas pelos bancos estão quase 30% abaixo do preço a que são transacionadas. É uma situação que ainda não se verifica no resto do país, mas que alguns temem ser um sinal de “bolha imobiliária”.

Deve notar-se que as avaliações não desceram, bem pelo contrário. Desde o primeiro trimestre de 2016, a avaliação do metro quadrado subiu cerca de 15% em Lisboa (33% no Porto), o que é significativo. Os preços é que subiram muito mais do que as avaliações. Os avaliadores são, em princípio, independentes, pelo que parecem considerar que se trata de uma valorização excessiva do imobiliário em Lisboa, mas o mercado também poderá ter mudado de forma estrutural, ajustando os preços ao que se passa noutros países.

Apesar de o crédito estar a financiar muitas compras, não se observam dois fenómenos típicos de “bolha imobiliária”: 1) a compra para venda imediata; 2) muitas casas vazias. As compras, mesmo que a preços altos, têm como finalidade ou a habitação ou o investimento para vários tipos de arrendamento, muitas vezes com reabilitação associada, numa fase de poucas alternativas e com muitos participantes estrangeiros. Portanto, uma coisa é falar de uma alta de preços para valores difíceis de superar, outra seria uma “bolha” que ao rebentar possa provocar uma queda acelerada dos preços de venda ou de arrendamento.