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Bolsonaro trava aumento do preço do gasóleo no Brasil com um telefonema

Apesar do telefonema, o presidente brasileiro diz que o seu Governo mantém a política de “não intervenção na economia”. Bolsonaro receia que um aumento do preço do gasóleo cause protestos por parte dos camionistas, tal como aconteceu em maio de 2018. Analistas consideram que decisão faz lembrar a interferência dos governos liderados por Lula da Silva ou Dilma Rousseff na Petrobras.
13 Abril 2019, 14h35

A Petrobras anunciou na quinta-feira um aumento do preço do gasóleo nas suas refinarias. Mas a companhia desistiu da subida do preço após a intervenção do presidente brasileiro.

A petrolífera estatal pretendia aumentar o preço do gasóleo, produzido nas suas refinarias e vendido às gasolineiras, em 5,74% para 2,2662 reais por litro (cerca de 0,516 euros). Mas este aumento foi travado pelo presidente brasileiro depois de um telefonema de Jair Bolsonaro para o presidente da Petrobras Roberto Castello Branco. A chamada telefónica durou menos de 20 minutos e foi o suficiente para a petrolífera estatal recuar na sua intenção de aumentar o preço.

Apesar da sua intervenção direta, Jair Bolsonaro garantiu que a política do seu Governo é de “mercado aberto de não intervenção na economia” e que não defende práticas “intervencionistas” nos preços da Petrobras, disse o presidente, citado pela Globo.

A intervenção do presidente nos preços foi justificada pelo ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni com o argumento de que o gasóleo é importante para os camionistas e para os transporte de mercadorias. O Governo Bolsonaro quer assim evitar conflitos com o setor, depois de em maio de 2018 um protesto nacional contra o aumento do preço do gasóleo ter levado os camionistas a bloquearem estradas em todo o Brasil, país que conta com 1,89 milhões de camiões a circular.

A Petrobras disse que havia margem para adiar o aumento do preço do gasóleo “por alguns dias”, justificando assim a não mexida no preço.

Para terça-feira, 16 de abril, ficou marcada uma reunião entre responsáveis da Petrobras e do Governo, incluindo os ministros da Economia, Paulo Guedes, das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.

A decisão foi mal recebida pelos investidores, com a Petrobras a afundar mais de 8% na bolsa de São Paulo, perdendo 32,4 mil milhões de reais (7,3 mil milhões de euros), passando a valer 361,49 mil milhões de reais (82,2 mil milhões de euros).

Olhando para a decisão, os analistas consideram que a decisão está ao nível das decisões tomadas pelos anteriores Governos brasileiros liderados por Lula da Silva ou Dilma Rousseff, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT).

“Isto faz-nos lembrar de governos anteriores que usaram os preços da Petrobras para fins políticos”, disse à Bloomberg Luiz Francisco Caetano da Planner Corretora.

“É uma decisão terrível, mesmo que tenha sido tomada para evitar outra greve dos camionistas”, afirmou Leonardo Rufino da Pacífico Gestão de Recursos.

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