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Bolt, a “Tesla de duas rodas”, vai chegar a Portugal no início de 2019

Em entrevista ao ‘Jornal Económico’, o CEO da empresa holandesa disse que está prestes a chegar ao mercado português e que se encontra em processo de recrutamento de “pessoas talentosas” em Marketing, Vendas e Distribuição.
20 Outubro 2017, 18h31

A Bolt, a empresa de scooters elétricas que já foi considerada a “Tesla de duas rodas”, prepara-se para entrar no mercado português no início de 2019. A empresa vai anunciar a abertura das pré-encomendas das motas já no ínicio do próximo ano, remetendo para o final desse ano o pontapé de arranque na produção destes veículos ‘amigos do ambiente’.

Em entrevista ao Jornal Económico, o CEO e cofundador da empresa holandesa, Bart Jacobsz Rosier, disse que se encontra em processo de recrutamento de “pessoas talentosas” em Marketing, Vendas e Distribuição e que o crescimento da venda de veículos elétricos no país foi um dos ingredientes mágicos para o investimento.

Apesar de o Governo ter renovado o incentivo de 2250 euros à compra de veículos elétricos, o responsável pela Bolt considera que esse dinheiro vai ajudar mas seria mais valioso subir o imposto sobre os veículos a gasóleo e a gasolina.

O aumento da venda de veículos elétricos em Portugal foram números que definitivamente fizeram o nosso interesse disparar neste mercado e mostraram que o ambiente em Portugal está a melhorar favoravelmente para os veículos elétricos mais depressa que noutros países.

A startup encerrou esta semana a sua campanha de angariação de fundos, na qual estiveram envolvidos mais de dois mil investidores e onde angariou 3 milhões de euros na plataforma portuguesa de equity crowdfunding Seedrs. Segundo a Bolt, primeiramente, o financiamento vai ser utilizado para colocar à venda a mota elétrica, com acesso à Internet, e há planos para produzir mais de 250 mil scooters até 2020, na Europa.

A menina dos olhos da Bolt, a AppScooter, tem uma autonomia de 400km e vai dos 0 aos 45km/h em 3.3 segundos, traz um touchscreen de 7 polegadas, pode ser controlada remotamente através do telemóvel e o carregamento é feito com um cabo ou bateria. O preço varia entre os 2990 euros e 8.000 euros, consoante o número de acessórios e a potência das baterias.

  • Como surgiu a AppScooter? De que forma é inovadora?

A AppScooter foi desenvolvida para resolver dois grandes problemas: a poluição extrema e o grande número de mortes causadas pelo uso do telemóvel durante a condução. Para fazer com que as scooters elétricas sejam adotadas pela sociedade, é importante criar uma scooter que as pessoas desejem e que escolham em relação às alternativas a gasóleo. Acreditamos que precisamos de criar não só um produto que seja eléctrico, mas melhor.

  • Há quanto tempo pensaram na apostar em Portugal?

Portugal é certamente um mercado que estamos a considerar seriamente. Ainda não estamos 100% certos da nossa calendarização, mas estamos no processo de contratar as nossas equipas de Marketing, Vendas e Distribuição. Para essas atividades vamos precisar de pessoas talentosas que nos ajudem. Eventualmente,  pretendemos ter lojas da marca Bolt nas grandes cidades europeias.

  • Pela primeira vez num serão vendidos mais de mil veículos elétricos em Portugal no segmento dos ligeiros de passageiros. Foram números como este que despertaram o vosso interesse?

Sim, o aumento da venda de veículos elétricos em Portugal foram números que definitivamente fizeram o nosso interesse disparar neste mercado e mostraram que o ambiente em Portugal está a melhorar favoravelmente para os veículos elétricos mais depressa que noutros países. Apesar do PIB em Portugal ser ainda mais baixo que noutros países da Europa, o poder de compra é mais que suficiente para scooters da nossa categoria.

  • O Governo português vai colocar cerca de 1.600 novos postos de carregamento em todos os municípios no início de 2018. Acha que a tendência será a de manter este investimento?

Nós encorajamos fortemente apoios governamentais como este, e temos visto esta tendência a acelerar pela a Europa. Esperamos que o investimento na infraestrutura elétrica aumente durante a próxima década, de forma a assegurar a total eletrificação do transporte. É preciso estimular o mercado e dar-lhe um impulso durante alguns anos, depois, deverá ser possível manter o ímpeto inicial. No entanto, é possível que o preço do lítio, e consequentemente das baterias de iões de lítio, não diminua nos próximos anos devido à elevada procura. Isto obrigará a que o subsídio se mantenha durante mais tempo, uma vez que a bateria ainda é a parte mais cara de um veículo elétrico. Preferíamos ter um imposto sobre os veículos a gasóleo/gasolina. Seria mais eficaz, provavelmente aumentaria a receita.

  • Não temem concorrência como a da Gogoro neste mercado?

Não, nós agradecemos a competição deles. Eles ajudam a acelerar a mesma transição para a qual inicialmente fundamos a nossa empresa. Além disso, o mercado de scooter a gasolina na Europa é muito maior. Mas, obviamente, seguimos de perto o que eles fazem, e prestamos atenção aos seus produtos e estratégia, como esperamos que qualquer concorrente o faça. O modelo de carregador deles parece muito bom e funciona na sua terra natal, mas não será adotável para cidades europeias.

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