A Bolt revelou um forte investimento em segurança para 18 mercados onde opera, que se estende por um período de três anos. Ao Jornal Económico, Mário de Morais, country manager da Bolt Portugal, afirma que a plataforma está a investir em três áreas dentro da segurança.
“Em primeiro lugar, o produto. As aplicações têm a responsabilidade de melhorar o produto para garantir a segurança. A primeira coisa que se fez no mercado, que é normal, foi o botão de pânico, que é o chamado reativo”, aponta o responsável de ride-hailing da Bolt.
A segunda parte é a partilha de viagem, em que é possível enviar a localização e acompanhamento de viagem a qualquer pessoa através de redes sociais. “Há uma perceção de segurança. Partilho a viagem e estou, naturalmente, mais descontraído e isso causa menos tensão na viagem e isso é muito importante”.
Outra funcionalidade criada pela Bolt é a “deteção de anomalias de viagens”. “Imagine-se: está a ir de carro para casa depois de um jantar, de repente para na autoestrada durante dois minutos. Não é comum à noite haver trânsito e como não existe reporte de trânsito, a paragem do carro gera um alerta para a nossa equipa, que vai contactar o motorista e o passageiro. Se não responder, o caso é encaminhado para as autoridades”, conta Mário de Morais ao JE.
Em suma, a Bolt tem contacto direto com as autoridades portuguesas e, em caso de acontecer algo errado, o caso é prontamente encaminhado para quem lhe compete. Na visão da Bolt, “as pessoas ficam mais seguras e há uma resposta dada de forma rápida”.
“A ideia deste investimento de 100 milhões para 18 países da Europa foi mesmo nesta lógica de termos estas features, que vão ajudar a que as pessoas estejam seguras dentro de um carro”, adianta Mário. Para Portugal, esse investimento é “acima da média”, segundo nos diz o responsável, embora sem adiantar valores.
Em 2023, a Bolt já tinha revelado ao JE que ia avançar com o reconhecimento facial nas viagens aos seus motoristas, especialmente depois dos casos que vieram a público de trocas de motoristas nas plataformas, ou que o mesmo não correspondia à fotografia. Essa funcionalidade mantêm-se ativa aos dias de hoje, mas a sua utilização é mais aleatória e não acontece em todas as viagens, com Mário de Morais a explicar que isso permite uma melhor gestão.
Contudo, há o problema da perceção da segurança nestas plataformas. Porquê? Precisamente por causa dos vídeos que circulam nas redes sociais. O country manager da Bolt esclarece então que os casos mais virais aconteceram no Brasil e foram contratados fora das plataformas. Mário de Morais lembra um caso em que a equipa da Bolt passou mais de uma hora à procura de uma viagem que levou a uma queixa junto das autoridades, que não havia registo em qualquer plataforma TVDE. “Foi um daqueles acordos que é um grande risco, e as pessoas não percebem o quão pode dar para o errado a todos os níveis”.
Foi então com vontade de fazer mais pela segurança dos portugueses que o país foi englobado neste conjunto de 18 mercados. Recentemente a Bolt traçou um protocolo com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) em que “qualquer motorista, veículo e empresa que se inscreva na Bolt é comunicada ao IMT, que nos responde a autorização está válida ou não”.
“Mais uma vez, a questão da perceção em relação às pessoas que trabalham no setor. Atualmente já fazemos esse controlo, mas para nós era importante que fosse o regulador a dar o aval final porque a partir daí temos a certeza total. E o IMT acaba por ter a responsabilidade, perante as plataformas, de rever a forma como examina os motoristas”, explica.
A iniciativa aconteceu, conta-nos, dentro da Bolt mas foi desenvolvida para funcionar em todo o setor. “Trouxemos as outras plataformas connosco porque só faz sentido se o setor for seguro e para o regulador ser independente. Não pode haver a história de sermos um país pequenino, temos de ser proativos e de ter espírito de cooperação”.
O responsável de ride-hailing da plataforma diz ainda que existe uma perceção muito errada do setor e que o investimento em segurança prevê realizar uma mudança. “Apenas 4% das deslocações em Lisboa são feitas em TVDE, 14% ou 15% em transportes públicos e 80% em carro privado”, diz-nos Mário de Morais, com base nas conclusões de um estudo realizado em parceria com a Altice. Para este responsável, é importante chamar para a importância da partilha entre veículos, de forma a tirar os carros pessoais das grandes cidades.
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