O novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, não o disse com as palavras usadas por Donald Trump na sua campanha eleitoral, mas o que disse vai dar ao mesmo: o governo que agora vai organizar terá como missão fazer regressar o país à liderança da Europa e ao comando da economia global.
Não é coisa pouca, mas Johnson produziu um discurso com uma dose q.b. de determinação, tendo focado os aspetos mais importantes da economia. Sem esquecer o Brexit: “queremos aprofundar as parcerias com os nossos amigos europeus” até ao limite do que for possível entre as duas partes, disse, para lembrar que considera o acordo de saída ainda negociável.
Se isso, do lado da União, não for verdade, então o Reino Unido sairá sem acordo – por muito que essa hipótese, recordou, não seja a sua preferida. Mas depois desta referência breve, Johnson teve a subtileza de regressar às virtudes que movem a sociedade britânica e de centrar aí aquilo que vai fazer a diferença: “a nossa determinação e as qualidades das nossas pessoas”.
O Governo, afirmou, dará uma ajuda: “vamos lançar um pacote económico global, para toda a nação”, que permite alavancar o desenvolvimento da economia numa ótica de sustentabilidade. Nessa frente, Johnson falou especificamente de alterações fiscais, de investimento em infraestruturas (rodoviárias, ferroviárias), de aposta na educação desde os escalões iniciais e na formação profissional.
O novo primeiro-ministro demorou-se mais na área social. Prometeu que o país será o país de todos – mesmo dos britânicos que não trabalham no seu interior – e assegurou que as alterações que prevê para a segurança social vão permitir que o sistema saia da crise endémica que o atormenta, permitindo melhor e mais universal apoio para todos.
Contido nos gestos mas incisivo nas palavras e na forma como as disse, o primeiro discurso de Boris Johnson em frente à sua nova residência, o número 10 de Downing Street, parece ter pretendido ser uma espécie de injeção de adrenalina, depois de quase três anos, contados a partir do referendo de 2016, em que os britânicos deixaram de acreditar no futuro.
Não há nenhuma boa razão para isso, enfatizou, porque o Brexit é também um manancial de oportunidades, para as quais todos estarão preparados, “os bancos, os hospitais, as empresas” e as pessoas em geral.
“Não subestimem a nossa capacidade e a nossa determinação”, reforçou, para explicar que andará muito mal quem pretender deixar de contra com o Reino Unido como uma grande nação, ‘nascida’ para liderar o globo. Como esteio desse regresso à liderança, Johnson não se esquecer de falar dos acordos comerciais globais, que são o que esteve sempre por trás da prosperidade dos Reino Unido. Sem nunca se referir especificamente aos Estados Unidos, o novo primeiro-ministro recordou que a hipótese de novos acordos comerciais – que decorre precisamente do Brexit – será um dos caminhos para fazer o Reino Unido grande outra vez.
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