[weglot_switcher]

BPI com queda da rentabilidade em Portugal procura alavancas para o crescimento

“Se o país não crescer, o BPI não vai crescer”, confessou o CEO, que espera que a dinamização da economia tenha um impulso do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência). O presidente executivo do BPI disse que os lucros do banco diminuirão este ano face a 2024.
Cristina Bernardo
6 Maio 2025, 07h00

Muito capital, boa qualidade da carteira de crédito, mas com as receitas a caírem e a não serem compensadas pelo aumento do volume da carteira de crédito marcam o primeiro trimestre do BPI.

“Encontrar alavancas para o crescimento é uma preocupação da administração do BPI,” admitiu o CEO do banco, João Pedro Oliveira e Costa. “O nosso foco é Portugal,” acrescentou o banqueiro.

Mas como vão crescer? “Vamos estar atentos ao Plano de Recuperação e Resiliência e à necessidade de as empresas terem de crescer,” disse o presidente do BPI na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre, em Lisboa.

O banco conta, no entanto, com o suporte do seu acionista, o CaixaBank, que é o maior da Península Ibérica, com grande capacidade de investimento.

“Se o país não crescer, o BPI não vai crescer,” confessou o CEO, que espera que a dinamização da economia tenha um impulso do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).

Nos primeiros três meses do ano, foram os dividendos do banco em Angola que salvaram o crescimento dos lucros do BPI. Em Portugal, o resultado líquido caiu 13%, em termos homólogos, para cerca de 98 milhões de euros, “refletindo o repricing do crédito com indexantes mais baixos.”

O BPI aumentou 13% os lucros do primeiro trimestre para 137 milhões de euros, o que inclui os dividendos do Banco Fomento de Angola, onde o banco tem 48,1%. O BFA contribuiu com 46 milhões de euros para os resultados do BPI. O BPI regista o dividendo do BFA quando é aprovado pelos seus acionistas. O dividendo do BFA relativo a 2024 foi aprovado em março, enquanto que, no ano anterior, a aprovação e o registo nas contas do BPI ocorreram no 2º trimestre.

No entanto, o BPI, que hoje tem 48,1% do BFA, vai vender em bolsa 14,75% do banco angolano, pelo que o contributo para os resultados consolidados será necessariamente mais baixo a partir daí. O que, apesar de não ser determinante, não é uma ajuda à rentabilidade.

No primeiro trimestre, com a descida das taxas de juro, a receita da margem financeira caiu 9% para 223 milhões de euros — ainda que o BPI tenha aumentado o volume de crédito, com a carteira a crescer 5% (ou 1,4 mil milhões de euros) para 31,5 mil milhões de euros, muito à custa da subida do crédito à habitação, que aumentou 8% para 15,7 mil milhões de euros, com o novo crédito a atingir os 961 milhões, traduzindo um crescimento homólogo de 57% e uma quota de mercado de 18,2% em janeiro e fevereiro. A garantia do Estado para o crédito à habitação jovem explica esta subida do novo crédito à habitação. A carteira de crédito, no seu conjunto, coloca o BPI com uma quota de mercado a subir para 14,7%.

A queda da receita da margem também não foi compensada pela subida da receita de comissões, que aumentou apenas 2% para 75 milhões no trimestre.

O CEO do BPI estima que a receita de margem financeira continue a cair (50 pontos base até ao fim do ano) e, como não há possibilidade de ser compensada com o aumento do volume de crédito, prevê que os lucros diminuam no fim do ano.

“A nossa previsão é que os resultados, tal como na esmagadora maioria da banca, se vão ajustando nos próximos trimestres,” disse João Pedro Oliveira e Costa, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre. Assim, os lucros do banco diminuirão este ano face a 2024, quando obteve 588 milhões de euros.

A queda da margem financeira será transversal a todo o setor e a concorrência entre bancos por clientes irá “incentivar mais a queda,” alertou.

Deste modo, o produto bancário caiu 8% no primeiro trimestre, face ao mesmo período do ano anterior, para 292 milhões de euros, com a queda da margem a não ser compensada pelo aumento dos volumes de crédito.

A rentabilidade (medida pelo ROTE) em Portugal fixou-se em 17,5%.

O banco português do CaixaBank está muito condicionado no crescimento orgânico, pelo que o cenário de crescimento por aquisições não poderá ser posto de parte. Mas, sobre o Novobanco, lembrou que inicialmente o processo de IPO seria até ao Verão, “mas não tenho a certeza de que o processo continue nesta altura. Temos que esperar que venha para o mercado,” disse.

O BPI vai assim esperar que o Novobanco venha para o mercado, segundo o CEO, quando questionado se iria olhar para o banco como alvo de crescimento por aquisições.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.