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Brasil: Banco Central reforça projeção em alta no PIB de 2,3% para 3,2% para este ano

Segundo o Banco Central do Brasil, haverá uma redução no ritmo de crescimento no segundo semestre de 2024 e ao longo de 2025, dada a expectativa de menor impulso fiscal, subida de juros, a menor eficácia dos fatores de produção, e a ausência de forte impulso externo.
8 – Brasil
30 Setembro 2024, 07h30

O Banco Central do Brasil (BC) melhorou sua projeção de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deste ano, de 2,3% para 3,2%, de acordo com o relatório de inflação trimestral divulgado no final da semana passada. A mudança vem em linha com a expectativa do mercado. Segundo a pesquisa Focus, a expansão da economia deve ser de 3% em 2024.

“A revisão da projeção de crescimento anual em 2024 foi fortemente influenciada pela surpresa positiva no resultado do PIB do segundo trimestre”, destaca o regulador no relatório.

Segundo o BC, haverá uma redução no ritmo de crescimento no segundo semestre de 2024 e ao longo de 2025, dada a expectativa de menor impulso fiscal, subida de juros, a menor eficácia dos fatores de produção, e a ausência de forte impulso externo. Assim, para o próximo ano, a projeção inicial do BC é de crescimento de 2% do PIB.

A expectativa de inflação para este ano também subiu. De 3,96%, no último relatório, esta foi para 4,31% —abaixo dos 4,37% esperados pelo Focus. O BC cita como fatores para a subida em alta a possível restrição de oferta de produtos devido ao clima seco e o encarecimento de preços de bens industriais, influenciados pelo avanço dos preços ao produtor, pela depreciação cambial e pelo aumento do imposto sobre o cigarro.

“Além disso, a seca em várias regiões do Brasil afeta as culturas permanentes e semipermanentes e pode atrasar o plantio da safra de verão, comprometendo o cultivo da safra de inverno no período ideal”, diz o BC.

“As chuvas abaixo do padrão e as temperaturas mais elevadas têm elevado a probabilidade de bandeiras mais restritivas até o final do ano. No curto prazo, permanece também a indefinição quanto à aplicação do Bônus de Itaipu”, aponta o relatório.

O cenário de referência considera a bandeira vermelha patamar 2 na cota de luz em outubro, vermelha patamar 1 em novembro e amarela em dezembro de 2024. Para 2025, a previsão é de bandeira verde entre os meses de janeiro e julho e bandeira amarela entre agosto e dezembro.

Para a gasolina, o BC espera moderação nos preços, dada a queda no petróleo. Já para os preços de serviços, a aceleração deve vir com os aumentos sazonais em passagens aéreas, pontua a autoridade.

A estimativa para as transações correntes de 2024 também melhorou, com redução em importações, de um saldo negativo de 8,7 mil milhões de euros, previstos no relatório de junho, para 8,4 mil milhões de euros negativos. “Porém, isso decorre da reclassificação das operações com criptoativos, da balança comercial para a conta capital”, pontua o BC.

Já a perspectiva para os investimentos diretos no país neste ano foi para 11,5 mil milhões de euros, ante 10,7 mil milhões de euros, com a recuperação nos fluxos de participação no capital, e, principalmente, entradas em operações entre empresas.

“Para os investimentos em carteira, a nova projeção mantém perspectiva anterior de entrada líquida para títulos, que tem se materializado nos dados, e incorpora perspectiva mais favorável para o componente de ações”, diz o BC.

A projeção de crescimento do crédito em 2024 teve pouca alteração, de 10,8% para 11,1%. Para 2025, a projeção é de crescimento de 10,3%, o que, segundo o BC, significa uma expansão similar à deste ano em termos reais, ou seja, considerando a inflação.

“O mercado de crédito continuou mostrando dinamismo, com expansão das concessões do crédito livre e estabilidade da incumprimento de obrigações financeiras. Esse desempenho se deu em cenário de flexibilização da política monetária até meados do segundo trimestre, forte crescimento econômico, mercado de trabalho aquecido e recuperação da renda das famílias”, diz relatório do BC, que também cita as captações recordes do mercado de capitais, com cenário macroeconômico favorável.

“No entanto, níveis de endividamento e comprometimento de renda das famílias ainda elevados e as mudanças no mercado de juros, com a inflexão da taxa básica e o aumento nos juros futuros, podem alterar essa tendência nos próximos meses”, completa a autoridade monetária.

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