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Brasil precisa fazer o trabalho de casa para atrair turismo internacional, defende fundador do Vila Galé

Durante uma viagem ao país sul-americano, o empresário lembrou que o Brasil atrai poucos visitantes não residentes.
9 Dezembro 2023, 20h14

O fundador da rede de hotéis portuguesa Vila Galé, Jorge Rebelo, considerou, em entrevista à Lusa, que o Brasil precisa fazer o seu “trabalho de casa” para atrair turistas não residentes e empresas aéreas ao mercado de voos internos.

Durante uma viagem ao país sul-americano, o empresário lembrou que o Brasil atrai poucos visitantes não residentes.

“O que é que faz falta? Por exemplo, para o turismo, é o [facto de que] o Brasil precisa de captar turismo internacional que não tem. O Brasil tem um turismo interno fortíssimo, que está a cair um pouquinho só por uma razão, porque o transporte aéreo está a precisar de uma sacudidela porque está extremamente caro e isso pode matar o desenvolvimento [do setor]”, disse Jorge Rebelo.

Durante a sua estada no Brasil, Jorge Rebelo visitou o distrito de Cachoeira do Campo, no estado brasileiro de Minas Gerais, onde o grupo Vila Galé está a construir um novo empreendimento com investimento estimando em cerca de 120 milhões de reais (22 milhões de euros na cotação atual).

 “Eu acho que hoje, a essa altura [precisam] aparecer mais companhias aéreas para abrir o mercado [de voos internos no país] e haver mais concorrência (…) Nós hoje achamos que o Brasil tem de fazer o seu trabalho de casa, tem de criar condições para atrair voos, porque este é um o problema que explica porque o Brasil não tem mais turismo”, acrescentou.

Segundo o fundador do grupo Vila Galé, que tem 31 hotéis em Portugal, 10 no Brasil, um em Espanha e outro em Cuba, a imagem que o país sul-americano projeta internacionalmente, nomeadamente o excesso de exposição de casos de violência, também atrapalha o setor.

“Todos nós sabemos que o Brasil tem problemas de segurança, mas os problemas de segurança há em todo lugar no mundo também. O que acontece aqui é que o próprio Brasil dá um tiro no pé porque passa uma imagem para o exterior que é excessivamente negativa”, disse.

O presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, disse em declarações aos ‘media’ brasileiros que o país poderá atrair seis milhões de visitantes estrangeiros até ao fim do ano, chegando perto do recorde histórico do país. O número é extremamente baixo se comprado a Portugal, que recebeu 22,3 milhões de turistas não residentes em 2022, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Avaliando as dificuldades que o país sul-americano enfrentou nos últimos anos, incluindo uma crise económica entre 2015 e 2016, e vários momentos de instabilidade política que atrapalharam a economia local e, consequentemente, investimentos no setor de turismo, o empresário reconheceu que há problemas, mas também interesse por parte dos investidores.

“O Brasil é um país com dificuldades para os investidores porque tem burocracia, porque tem um sistema tributário caro e complicado. Até podia ser caro, mas não ser complicado, mas é dois em um e tem algumas coisas que precisa de corrigir”, disse.

“Agora que há uma sede internacional de investimento no Brasil, penso que é uma evidência, porque o Brasil tem condições para investimentos em muitos setores de atividade”, concluiu.

Além do novo hotel em Minas Gerais, o grupo Vila Galé está a investir em outros empreendimentos no estado brasileiro do Ceará e tem um projeto no estado do Maranhão.

Questionado sobre a expansão da rede para a Amazónia brasileira, Jorge Rebelo contou que não há nenhum projeto firmado, mas está a avaliar oportunidades no estado do Pará e já teve conversas com representantes do governo local, que trabalha para atrair empresários do setor do turismo, já que em 2025 sediará Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30) e quer transformar a cidade de Belém num ponto de entrada de visitantes interessados em conhecer a Amazónia.

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