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Brasil: Sérgio Moro pede a demissão a Bolsonaro

Foi uma espécie de super-ministro que em muito ajudou à eleição de Jair Bolsonaro. Depois não resistiu ao escândalo da eventual perseguição ao ex-presidente Lula da Silva. Mudança nas chefia da polícia federal terá sido a gota de água.
23 Abril 2020, 19h13

Os jornais brasileiros estão a avançar que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, se demitiu – apesar de haver alguns que afirmam que houve apenas uma ameaça – na sequência da vontade do presidente Jair Bolsonaro mexer nas chefias da polícia federal. Moro ter-se-á sentido desautorizado pelo presidente, pelo que pediu a demissão, ou ameaçou fazê-lo.

Segundo o jornal ‘O Globo’, um dos que afirma a demissão, o ministro avisara que, caso o presidente fizesse as alterações, abandonaria o governo. Bolsonaro anunciou mesmo assim que vai trocar o director da polícia federal e que ia demitir nos próximos dias o atual diretor-geral, Maurício Valeixo.

Segundo o portal UOL, Sérgio Moro pediu a demissão imediata, mas Bolsonaro está a tentar reverter a posição do homem que chegou a ser o seu mais próximo ministro. Moro tornou-se o homem do momento na altura em que decidiu perseguir judicialmente o ex-presidente Lula da Silva. O seu lugar de enorme destaque na sociedade brasileira acabou por ser um importante trunfo para Bolsonaro e para a vitória da sua candidatura à presidência do Brasil.

Mas Moro acabou por não resistir às evidências que provavam que, para além da questão da justiça, o ministro, enquanto juiz, tinha levando longe demais a perseguição a Lula da Silva, tendo passado a linha vermelha entre para lá da qual a questão passou a ser pessoal.

Bolsonaro resistiu a demitir o seu ministro da Justiça, como pedia a oposição, mas Sérgio Moro passou a ser uma personagem apagada – pelo menos em comparação com o destaque que tinha assumido anteriormente – e quase desapareceu a primeira linha da comunicação do governo (quase totalmente preenchida por Bolsonaro).

Há poucos dias atrás, Moro reapareceu junto do presidente numa das suas inúmeras aparições públicas – contrariando os conselhos do próprio Ministério da Saúde brasileiro – parecendo querer dizer que continuava a apoiá-lo, apesar da pandemia.

Há precisamente uma semana atrás, Biolsonaro ‘despediu’ precisamente o seu ministro da Saúde, depois de ter divergido em relação à forma como o Brasil está a responder à pandemia. Segundo os jornais brasileiros, as alterações que Bolsonaro quer introduzir na chefia da polícia federal pode ter também a ver com a pandemia – ou seja, com a forma como a polícia está a encarar os conselhos do Ministério da Saúde como uma ordem.

Seja como for – e mesmo que Moro acabe por voltar atrás na sua decisão de abandonar o governo, fica claro que o executivo de Bolsonaro está passar por uma profunda crise política. A seu lado, e no que tem a ver com os homens que o acompanharam desde o primeiro momento, está agora apenas o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Num momento em que a pandemia está a dar mostras de um crescente descontrolo no Brasil, o descontrolo no interior do governo será por certo o pior que podia suceder ao Brasil.

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