O Brasil só conseguirá vencer a luta contra os homicídios de mulheres se enfrentar a misoginia na sociedade, disse à Lusa a ministra das Mulheres brasileira, anunciando para 25 de novembro uma Marcha contra a Misoginia.
Em declarações enviadas à agência Lusa, na terça-feira, no Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, Cida Gonçalves frisou que o feminicídio [homicídios de mulheres] nasce através do discurso de ódio “promovido diariamente” e que “não se resume apenas ao ato de aniquilar a vida de uma mulher”.
O Brasil registou um aumento de 5% nos casos de femicídio no ano passado face a 2021, com 1,4 mil mulheres mortas, ou seja, uma a cada seis horas.
Este número é o maior registado no país desde que a lei de femicídio entrou em vigor, em 2015, e foi obtido com base nos dados oficiais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal.
“Eu tenho insistido que se não enfrentarmos a misoginia, não conseguiremos vencer os feminicídios”, sublinhou a ministra.
As autoridades brasileiras recebem, diariamente, denúncias de mulheres assediadas nos empregos, um constrangimento que é “repetido no Congresso Nacional, quando as parlamentares têm a sua atuação desqualificada pela violência política de género”, normalizada e aceite no país, denunciou.
Para colocar o tema no centro do debate político, o Governo brasileiro lançou para dia 25 de novembro a Marcha contra a Misoginia, “numa convocação às autoridades e toda a sociedade ao enfrentamento de todas as formas de violência e ódio contra as mulheres neste país, estejam elas no campo, na cidade ou nas florestas”, disse Cida Gonçalves.
“Nós precisamos garantir que as meninas, no Brasil, cresçam livres, seguras e com oportunidades”, reforçou.
Desde que tomou posse, a 01 de janeiro, o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva implementou 13 novas leis de igualdade de género, entre as quais, a igualdade salarial entre homens e mulheres e a concessão de apoio a aluguer de apartamentos em casos em que a vítima apresenta vulnerabilidade social e económica, entre outras.
Foi restruturada ainda a Central de Atendimento à Mulher e, em agosto, foi criado o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, coordenado pelo Ministério das Mulheres brasileiro, para a “entrega de 270 unidades móveis para o atendimento direto de acolhimento e orientação às mulheres, além de 10 carros, para locomoção das equipas e para transporte de equipamentos de atendimento às utilizadoras”, disse.
A acrescentar, o atendimento às áreas mais remotas do Brasil vai ser reforçado com “barcos e lanchas para regiões com necessidade de implementação do serviço fluvial para o atendimento das mulheres das florestas, das águas e do Pantanal”, destacou Cida Gonçalves.
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