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Brexit. Banco de Inglaterra rejeita teoria de Boris Johnson e avisa que Reino Unido vai ser penalizado com taxas alfandegárias

O governador do banco central de Inglaterra afirma que cerca de 150 mil empresas ainda não têm a documentação necessária para continuar a exportar para a União Europeia num cenário de um Brexit sem acordo.
  • Frank Augstein/Reuters
21 Junho 2019, 12h59

O governador do Banco de Inglaterra Mark Carney avisou que o Reino Unido será severamente atingindo pelas taxas alfandegárias num cenário de um Brexit sem acordo, rejeitando a ideia contrária que Boris Johnson defendeu.

O candidato à liderança conservadora afirmou esta semana que algumas taxas não teriam necessariamente que ser pagas se o Reino Unido deixasse a UE sem um acordo, dado que o país britânico está protegido pelo artigo 24, o acordo geral sobre tarifas e comércio (GATT, sigla em inglês).

Alguns defensores do Brexit alegam que o GATT, estabelecido em 1947 pela Organização Mundial do Comércio (OMC), permitiria um “congelamento” no qual as taxas são evitadas, mesmo na ausência de qualquer acordo sobre o comércio.

Contudo, especialistas e autoridades comerciais já vieram refutar a afirmação. Em conversa com a BBC, Mark Carney esclareceu que “o GATT 24 aplica-se apenas se houver um acordo, não se se decidiu não estabelecer um acordo nem se não foi possível chegar a um.”.

“Não ter um acordo com a UE significa que há automaticamente taxas porque os europeus têm que aplicar as mesmas regras a todos os outros países”, continuou. “Se decidissem não aplicar essas taxas, também teriam que baixa-las aos Estados Unidos, ao resto do mundo. E o mesmo seria aplicado a nós”, concluiu.

Segundo Mark Carney, cerca de 150 mil empresas ainda não têm a documentação necessária para continuar a exportar para a União Europeia no caso de um Brexit sem acordo.

O governador do Banco da Inglaterra acrescentou que muitos haviam acumulado stocks de contingência, mas estes durariam apenas “semanas”. “Os negócios dependerão do que os governos são capazes de fazer para manter os portos abertos e o fluxo de comércio”, afirmou.

O Reino Unido agendou a saída da União Europeia para 31 de outubro, depois de pedir um adiamento em março.

Boris Johnson, considerado o favorito na corrida para suceder a Theresa May no cargo de primeiro-ministro, afirmou que o Reino Unido deverá sair em outubro, mesmo sem um acordo fechado.

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