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Brexit: Theresa May estabelece calendário a três tempos

Líder trabalhista quer um referendo que confirme que os britânicos se revêm no acordo que Theresa May alcançou com Bruxelas e não um referendo sobre o ‘sim’ ou ‘não’ ao Brexit.
26 Fevereiro 2019, 13h27

Na tentativa de ultrapassar o verdadeiro imbróglio político em que o Brexit está afundado, a primeira-ministra Theresa May disse esta manhã no Parlamento britânico que tem definido um calendário de votações que permitam clarificar – para a União Europeia, mas também para os britânicos – a posição do Reino Unido face à sua saída da União.

Assim, disse, May tentará, a 12 de março, fazer passar o acordo que está em cima da mesa – e que já foi reprovado anteriormente, sendo pouco provável que os deputados venham a mudar de ideias, dado que não houve, com Bruxelas, qualquer alteração significativa.

Mesmo assim, e uma vez que as duas partes se encontram hoje novamente na capital da Bélgica, May ainda tem esperança de que essa votação lhe possa ser favorável. Se assim não for, a primeira-ministra disse na Câmara dos Comuns que logo no dia seguinte, 13 de março, apresentará uma moção perguntando aos parlamentares se aprovam deixar a União sem acordo.

Finalmente, se os deputados rejeitarem a saída sem acordo, como é provável, colocará em votação, em 14 de março, uma proposta de uma extensão “curta e limitada” ao artigo 50 – o que na prática quer dizer que os britânicos perdiriam a Bruxelas que 29 de março deixasse de ser o dia do Brexit. Se os parlamentares aprovarem essa moção, o governo tentará obter a extensão do prazo de saída junto da União Europeia.

May insistiu em que não quer estender o artigo 50 e teve o cuidado recordar que se o prazo de saída tiver que ser estendido para além do final de junho, o Reino Unido tem de participar nas eleições europeias. “Que tipo de sinal essa participação daria aos britânicos?”, perguntou May – deixando evidente o absoluto anacronismo da situação.

A primeira-ministra voltou a criticar a chamada emenda Cooper, que previa que a Câmara dos Comuns tomasse o controlo das negociações do Brexit, retirando ao governo a sua autonomia face ao debate com Bruxelas.

May explicou ainda que o seu gabinete está a contactar os ministros dos Negócios Estrangeiros da União pedindo-lhes que ofereçam garantias sobre os direitos dos britânicos no caso de um Brexit sem acordo – o que quer dizer que esse cenário continua em cima da mesa.

Mesmo assim, a primeira-ministra criticou fortemente as posição assumida esta segunda-feira pelo líder da oposição, Jeremy Corbyn, que abriu as portas a um novo referendo sobre o Brexit.

Depois da intervenção de May, Corbyn tomou a palavra para, como sempre, criticar fortemente Theresa May, que acusou de deixar os Comuns na penumbra: “prometeu votações sobre o acordo em dezembro, janeiro, fevereiro e março, e somente a votação de janeiro aconteceu”. Corbyn esclareceu que Corbyn que o Partido Trabalhista aceita o resultado do referendo, mas isso não inclui os planos fracassados de May. Se o plano de May passar, os trabalhistas querem uma votação pública confirmatória, diz, dando alguma luz sobre as suas declarações do dia anterior.

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