[weglot_switcher]

Brexit: Theresa May pode estar próxima da saída

Todas as portas se fecham: Conservadores, Trabalhistas, Unionistas irlandeses e o seu próprio grupo parlamentar estão longe de acompanhar a primeiro-ministra nesta fase do debate sobre o Brexit, onde é o caos que impera.
26 Março 2019, 07h46

Avolumam-se as evidências de que a primeira-ministra Theresa May está cada vez mais perto de sair de cena, principalmente depois de, segundo vários jornais britânicos, a chefe do executivo ter afirmado que não tem espaço para ir ao Parlamento britânico para assegurar uma votação favorável perante um documento proposto por si. Qualquer documento. Ou seja: o divórcio entre a primeira-ministra e os rebeldes conservadores é de tal forma que, qualquer ponto de união entre as duas partes é neste momento absolutamente impossível.

É neste quadro que, ao longo do dia de ontem, os deputados foram votando umas emendas – umas repetindo o que já antes tinha sido proposto, outras precisando pormenores. Mas o que estava em causa era que a Câmara dos Comuns se ia apossando do controlo do debate sobre o acordo do Brexit, na tentativa de relegar para segundo plano a posição do próprio governo da Nação.

Para os observadores, essa é desde já uma derrota, mais uma, para Theresa May. E há cada vez mais opiniões segundo as quais a primeira-ministra não tem qualquer margem para continuar a chefiar o governo. Mas todos convergem no seguinte: pouca coisa pode acontecer para levar May a deixar o lugar de primeira-ministra pelo seu próprio pé. Os seus colegas do governo, os que aceitam falar, convergem nesta análise: May manter-se-á irredutivelmente à frente do governo até que o Brexit seja cumprido – por muito que o seu próprio partido se vá desmoronando à sua volta.

Para todos os efeitos, o país está instalado num enorme impasse: parte dos conservadores – e os seus ‘colegas’ de coligação, os unionistas da Irlanda – parecem estar convencidos de que May já é apenas um problema e que ‘retirá-la’ da frente de combate que é o Brexit seria uma forma de fazer evoluir as coisas.

Mas os que ainda apoiam May contrapõem que, em Bruxelas, May é a única política britânica que ainda tem algum crédito junto das cúpulas da Comissão e do Conselho Europeu – querendo isto dizer que a União Europeia não estaria interessada em, a tão poucas semanas da data proposta para a saída, ter de se haver com um novo interlocutor.

Para mais, qualquer que fosse esse interlocutor, ele seria necessariamente observado por Bruxelas como um dos elementos que ‘tramou’ May e, por isso, alguém que não contribuiu em nada, pelo contrário, para uma saída ‘limpa’.

A ‘verdadeira’ oposição, o Paryido Trabalhista, também não deu quaisquer esperanças a May. A primeira-ministra tem tentado uma aproximação com Jeremy Corbyn, o líder trabalhista, mas isso também se tem revelado impossível. Corbyn mantém, aparentemente, a esperança de poder retirar May do poder por via de uma moção de desconfiança – passo que passaria a ser observado como anacrónico se, nesta fase, houvesse uma aproximação com a líder dos Conservadores.

Numa coisa estão todos de acordo: a semana é crucial para o Brexit e, de algum modo, será fundamental para o futuro a curto e médio prazos, de um país que neste momento está mergulhado num enorme enredo de incertezas.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.