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Brunei vai punir adúlteras e sexo entre gays com apedrejamento até à morte

O sultão do Brunei já classificou a implementação do novo código penal, uma versão rígida da lei islâmica sharia, como “uma ótima conquista”. Entre os que se opõe à lei e apelam ao boicote aos hotéis de luxo do sultão de Brunei estão as celebridades George Clooney e Elton John e os políticos Joe Biden e Kemala Harris.
STR/REUTERS
3 Abril 2019, 12h00

O Brunei anunciou a entrada em vigor de um novo código penal, esta quarta-feira, que prevê punições corporais e a pena de morte por crimes como a homossexualidade, apostasia, blasfémia e adultério.

Este país do sudeste asiático é o primeiro da região a adoptar uma versão rígida da lei islâmica, a sharia. O sultão do Brunei já classificou a implementação do novo código penal como “uma ótima conquista”, apesar das organizações de defesa dos direitos humanos estarem a criar uma onda de condenação internacional.

A ONU já contestou a nova lei considerando-a cruel e desumana por instaurar a pena de morte para a homossexualidade ou adultério. “Apelo ao Governo do Brunei para que não deixe entrar em vigor o novo código penal draconiano que, se for aplicado, representa um série recuo da proteção dos direitos humanos”, apelo a Alta Comissária dos Direitos Humanos, Michele Bachelet, em comunicado.

Também a França e a Alemanha já pediram ao estado asiático que renuncie a nova legislação. Em comunicado, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Agnès von der Mühll frisou que “a França pede ao Brunei para renunciar a este projeto e manter a sua moratória de execuções desde 1957”.

Esta legislação é “contrária aos compromissos internacionais” assumidos pelo Brunei em relação aos direitos humanos, tanto nas Nações Unidas (ONU) como na Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), acrescentou.

Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão referiu, em comunicado, que os diplomatas expressaram preocupação com a introdução das sanções da lei da sharia e apelaram ao embaixador do Brunei para “cumprir as atuais obrigações internacionais de direitos humanos”.

A Amnistia Internacional aderiu à onda de contestações e já criticou a lei, apelando ao Brunei para “suspender imediatamente” a implementação destas sanções.

Sultão é proprietário de hotéis de luxo

Desde 2014 que o rico sultanato proíbe a homossexualidade e outras figuras públicas já tinham antes apelado ao boicote aos seus investimentos, entre elas, o bilionário Richard Branson e a apresentadora de televisão Ellen DeGeneres.

Hasasanal Bolkiah, sultão do Brunei que está no trono desde 1967, é um dos chefes de Estado mais ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em cerca de 18 milhões de euros e detentor de de uma cadeia de hotéis de luxo.

A decisão do sultanato já levou a algumas celebridades a apelar ao bloqueio dos hotéis que são propriedade de Hasasanal Bolkiah. A cadeia tem hotéis nos Estados Unidos, Reino Unido, França e Itália.

O ator George Clooney, a cantora Ariana Grande e o cantor inglês Elton John são algumas das figuras públicas que já aderiram ao boicote aos nove hotéis de luxo detidos pelo sultão do Brunei. Joe Biden, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, a senadora democrata Kamala Harris e o senador republicano Ted Cruz também integram na lista de opositores.

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