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Bruxelas admite aprofundamento do fosso de crescimento entre zona euro e EUA

Confirmando-se as projeções atualizadas da Comissão Europeia, que voltou a cortar o crescimento da zona euro para os próximos dois anos (e permanece, ainda assim, mais otimista do que a maioria das instituições), o PIB dos EUA irá distanciar-se ainda mais do europeu. Portugal consegue ficar acima da média com o Sul do bloco a liderar face à crise alemã.
18 Novembro 2024, 07h30

O diferencial de crescimento entre a zona euro e os EUA irá aprofundar-se no próximo ano, caso se confirmem as projeções macroeconómicas da Comissão Europeia, que aponta ainda para mais inflação com a guerra comercial que se adivinha com o regresso de Trump à Casa Branca. Para Portugal, Bruxelas antecipa crescimentos em linha com os antecipados pelo Governo, embora com um excedente ligeiramente superior.

A Comissão Europeia cortou a previsão de crescimento do bloco da moeda única em 0,1 pontos percentuais (p.p.) para 1,3% no próximo ano, o que fica bastante aquém dos 2,1% estimados para a economia norte-americana no mesmo ano. Para 2026, Bruxelas aponta a 1,6% de avanço na zona euro face a 2,2% nos EUA.

Estas previsões até ficam acima da generalidade das instituições privadas, que se mostram mais céticas com o comportamento da economia europeia este ano e nos próximos – uma tendência agravada com o resultado eleitoral norte-americano e as prováveis barreiras à entrada que serão impostas aos produtos europeus.

Tal reflete um agravamento do ‘gap’ de crescimento entre a Europa e os EUA, com a economia norte-americana a continuar a crescer acima da europeia à boleia de um consumo interno forte contra uma zona euro mergulhada em problemas estruturais e fragilidades. À cabeça, a Alemanha: novo ano recessivo irá penalizar o bloco económico como um todo, sendo ainda das economias mais expostas na zona euro às previsíveis tarifas norte-americanas.

Bruxelas aponta a nova perda de PIB na Alemanha este ano, de 0,1%, marcando o segundo ano seguido de recessão do suposto motor industrial europeu, que se aproxima cada vez mais da economia mais doente do bloco. Com os EUA como principal parceiro comercial, Berlim está ainda mais exposto a fragilidades económicas com a forte probabilidade de tarifas norte-americanas sobre a produção europeia.

Também Áustria, Irlanda, Estónia e Finlândia devem registar crescimentos negativos este ano, segundo as estimativas de Bruxelas.

Em sentido inverso, Espanha viu a sua projeção de crescimento ser revista em alta por 0,4 p.p. para 2,3%, colocando-se em linha para ser a economia grande que mais cresce no bloco euro pelo segundo ano seguido.

Também Portugal viu a projeção de Bruxelas a ser melhorada, ficando mais condizente com o que antecipa o Governo. Para o próximo ano, a economia nacional deve crescer 1,9% (acima dos 1,7% anteriormente estimados), enquanto 2026 fecha com 2,1% (também acima dos 1,9% avançados na primavera).

Comparando com as médias previstas para a zona euro, Portugal mantém a convergência com o bloco, registando consistentemente taxas de crescimento mais altas do que a média.

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