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‘Business angels’ portugueses tendem a investir em grupo nas startups

Em entrevista ao Jornal Económico, Hugo Gonçalves Pereira, membro da direção da Associação Portuguesa de Business Angels, disse que as startups apoiadas pelo fundo Shilling Capital Partners, do qual faz parte, já criaram aproximadamente 500 postos de trabalho.
19 Junho 2018, 07h25

Os investidores portugueses denominados business angels tendem a investir em grupo nas startups e a apostar naquelas que estão mais ligadas às tecnologias de informação e com modelos de negócio de fácil crescimento. Quem o garante é Hugo Gonçalves Pereira, membro da direção da Associação Portuguesa de Business Angels (APBA) e profissional em venture capital.

“Muitas vezes, os business angels não querem fazer os investimentos sozinhos (…). Até porque muitos em Portugal ainda não têm capacidade financeira para fazer sozinhos o montante que as empresas querem”, explica ao Jornal Económico o responsável da associação. Os investidores nacionais preferem, assim, ter uma instituição detrás que os coloque em contacto com os seus pares para apostarem em conjunto numa microempresa. A indústria 4.0, o turismo e a restauração são as mais recentes atrações, de acordo com o mesmo porta-voz.

Criada há mais de dez anos, a APBA desde o início que quis reunir o maior número de pessoas disponíveis a investir em empresas que estão a nascer. “Os empreendedores sentiam muita falta de pessoas que os pudessem apoiar, e muitos negócios acabavam por cair”, disse ao semanário.

A associação procura dar formação aos investidores e facilitar contactos com as autoridades governativas. “Fazemos também um trabalho de promoção de contactos com o Governo, porque não basta a vocação, é um segmento diferente e não é a mesma coisa que investir em empresas cotadas. Queremos que haja incentivos, que a legislação seja favorável ao investimento, que é de risco”, argumenta Hugo Gonçalves Pereira.

Segundo o especialista e investidor, os ICO (Initial Coin Offering) têm potencial para criar novos modelos de negócio: “Tem havido muitas e cada vez o montante angariado é maior. Estamos numa fase de alguma exuberância, mas é normal”. A seu ver, por outro lado, as entidades regulatórias encontram-se numa “posição expectante” para ver como é que o setor evolui, tentando não intervir.

O ainda co-fundador do Shilling Capital Partners conta que o fundo nasceu da agregação de seis business angels que já se conheciam e decidiram começar a investir conjuntamente e profissionalizar a atividade, com investigação de mercado, por exemplo. “Todos nós temos uma rede de contactos muito alargada, como CEOs de empresas, e uma experiência valiosa de gerir empresas. Muitas vezes, os empreendedores são jovens e não passaram por fases de contratar pessoas, despedir, levantar capital… Nós ajudamos em várias áreas”, assegura o investidor que já trabalhou em Londres em dois fundos de private equity.

Desde do pontapé de saída, em 2011,o Shilling Capital Partners fez 14 investimentos e venderam três dessas empresas. “Em termos acumulados, o maior montante investido numa empresa andou à volta de um milhão de euros, mas não foi de uma vez, fomos investindo. Normalmente, o investimento inicial é de cerca de 250 mil euros”, sublinha.

Um unicórnio por ano não parece um mau plano

Depois da Farfetch e da Outsystems, Hugo quer mais unicórnios portugueses. “Há várias empresas portuguesas que estão bem posicionadas para poder um dia chegar a essa avaliação. Se continuarmos com esta tendência de um por ano é muito positivo, proporcionalmente aquilo que existe na Europa”, acredita o partner da Shilling, uma vez que mais unicórnios made in Portugal colocariam o país nos olhos de mais investidores estrangeiros, na sua opinião.

As startups apoiadas pelo fundo do qual faz parte, em agregado, já criaram aproximadamente 500 postos de trabalho e faturam mais de 50 milhões de euros. A equipa chegou a recorrer a um mecanismo de apoio do COMPETE e, mais recentemente, da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD).

A APBA promove na próxima quarta-feira, dia 20 de junho, o Spring Investment Dinner, um evento de debate, networking e entrega de prémios – personalidade do ano e startup do ano -, que conta com o apoio da IFD. No encontro estão presentes várias figuras ligadas ao ecossistema do empreendedorismo, bem como a secretária de Estado da Indústria, Ana Lehmann, e o presidente da PwC, José Bernardo.

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