Um país com características únicas é um país com oportunidades únicas. E São Tomé e Príncipe, que de forma inédita viu o seu território ser classificado a 100% como Reserva Mundial da Biosfera, apresenta-as ao setor privado esta quinta-feira, em Bruxelas, assumindo-se como um destino de investimento “confiável” e “estável”.
No leque de oportunidades dadas a conhecer pela delegação são-tomense no Fórum de Investimento RISE STP, alicerçadas na visão estratégica de desenvolvimento sustentável 2026-2040 – e que sucede às mesas-redondas de doadores organizadas por executivos anteriores – , estão as áreas das energias renováveis, turismo sustentável, agronegócio, além de projetos estruturantes como o porto de logística, a modernização do aeroporto, sem esquecer o novo hospital de referência, cujas obras terão início no primeiro trimestre do próximo ano. Mais do que parcerias estratégicas, o Governo procura parcerias duradouras.
Perante mais de duas centenas de participantes, entre parceiros, governantes, investidores e potenciais investidores, o primeiro-ministro Américo Ramos afirmou que o encontro marca a “entrada de São Tomé e Príncipe numa nova era: a era da consolidação das reformas, da modernização económica e da construção de um Estado mais resiliente, mais eficiente e mais próximo das necessidades do seu povo”. Coincidentemente ou não, o país está, a partir “de hoje”, dia 11 de dezembro, “conectado ao mundo através da SpaceX Starlink”, anunciou o governante.
“Precisamos de aliados que reconheçam que, num mundo em transição, os países pequenos podem ser laboratórios de inovação e estabilidade. Hoje, em Bruxelas, damos um passo importante rumo a São Tomé e Príncipe de 2040″, afirmou, assinalando o papel dos parceiros de desenvolvimento de décadas como “uma âncora de estabilidade, progresso e esperança para o povo de São Tomé e Príncipe”.
Aos investidores, Américo Ramos garante que o país tem as condições – e a “convicção” – de que pode ser “uma referência regional em ecoturismo, economia azul, transição energética, agricultura sustentável e gestão ambiental”.
E no cartão de apresentação do país figura um dos eixos mais procurados pelos investidores: a segurança. “Temos orgulho do nosso percurso pacífico, do nosso ambiente político maduro, da convivência democrática que nos distingue no contexto regional e da segurança que oferecemos a quem nos visita e a quem escolhe investir no nosso país”.
“A nossa localização estratégica, a ancoragem da nossa moeda ao euro, a pertença à CPLP e às relações históricas com a União Europeia (UE) colocam-nos numa posição privilegiada para atrair investimentos, talento e cooperação técnica”, listou. “E queremos aproveitar essa posição com responsabilidade e visão de longo prazo. O objetivo deste Fórum é, claro, mostrar que São Tomé e Príncipe está pronto para uma nova geração de parcerias económicas, públicas e privadas”, sublinhou.
Do lado da Economia e das Finanças, o ministro Gareth Guadalupe defende que o país deve transitar para um novo “compromisso estratégico”. “Temos de recalibrar as parcerias. Não menos, mas melhores parcerias; que combinem doações, concessões de financiamentos, investimento climático, filantropia e, acima de tudo, capital privado“.
Interpelando os potenciais investidores, o governante afirmou que o país procura “parcerias que garantam resiliência a longo prazo, e não curto prazo”. “Que transformem o capital natural” do país “em oportunidades económicas”, privilegiando a proteção da natureza de São Tomé e Príncipe.
Recentemente, o país realizou uma mesa-redonda de doadores em Marraquexe, recordou. Em 2015, uma outra em Londres. Mas o Fórum de Investimento foi pensado com outras ambições. “Temos de olhar para a estratégia de desenvolvimento sustentável nacional. Mais de 60% deve ser financiada por capital privado. Por isso, aqui trazemos não apenas parcerias de desenvolvimento, mas também parcerias privadas estrangeiras e parcerias privadas nacionais”, afirmou.
Com a classificação das duas ilhas do país como Reservas Naturais da Biosfera surgem “novas responsabilidades”, o que acarreta novas necessidades de financiamento e reforçando outras, nomeadamente na transição energética. E aqui a energia solar e a hidroelétrica fazem parte da estratégia.
Por sua vez, Ilza Amado Vaz, ministra dos Negócios Estrangeiros, afirmou que o Estado são-tomense procura “parcerias que deixem legado” e empresas que cresçam também com São Tomé e Príncipe, “alinhadas com a construção de um país mais resiliente, verde e competitivo”.
“A vossa presença demonstra confiança, o que é o primeiro passo para o investimento”, sublinhou, apontando o fórum como “o espaço ideal para que o governo, o setor privado, as instituições financeiras e parceiros bilaterais e multilaterais unam esforços para preservar os projetos, discutir reformas, e abrir portas a novas iniciativas de investimento público e privado”.
O Fórum de Investimento de São Tome e Príncipe decorre esta quinta-feira, no Tangla Hotel, em Bruxelas, organizado pelo governo são-tomense e colaboração com parceiros bilaterais e multilaterais como Nações Unidas, União Europeia (UE), Banco Africano de Desenvolvimento, além do Estado português.
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