Cabo Verde: Governo rejeita intenção de adesão à NATO e acusa PAICV de “tentativa de desinformação”

O Governo de Cabo Verde deixou claro, em resposta às alegações feitas pelo presidente do PAICV sobre uma possível integração do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), que não existe “qualquer intenção de adesão” à Aliança Atlântica.

“Tais considerações não correspondem à verdade”, afirmou a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Miryan Vieira, em conferência de imprensa, aludindo a uma “tentativa de desinformação” por parte do maior partido da oposição.

“A possibilidade de criação de bases militares estrangeiras em Cabo Verde nunca foi discutida com parceiros ou entidades externas, nem faz parte da política externa e de defesa nacional do país”, justificou a governante.

A secretária de Estado recordou que, durante a Cimeira Portugal-Cabo Verde, que decorreu nos dias 27 e 28 de janeiro, em Lisboa, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva “reafirmou essa intenção de cooperação com a NATO, sem nunca mencionar adesão” à organização sediada em Bruxelas.

“O Conceito Estratégico de Defesa e Segurança, aprovado em novembro de 2024, tem como foco a segurança marítima e a proteção da soberania nacional. No debate parlamentar de junho de 2024, o Governo apresentou a possibilidade de uma parceria com a NATO no âmbito do Programa de Parceria Personalizada (Individually Tailored Partnership Programme), centrada na segurança marítima cooperativa”, explicou, ainda, a governante aos jornalistas.

Após as declarações do primeiro-ministro em Lisboa, Rui Semedo, líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), pediu esclarecimentos ao Governo sobre o assunto.

“Fomos surpreendidos pela notícia da existência de diligências no sentido de uma maior aproximação e, eventualmente, integração de Cabo Verde na NATO […]. Tendo em conta que esta informação apanhou todos os cabo-verdianos de surpresa, por não ter sido previamente partilhada no país, o PAICV endereçou hoje uma carta ao primeiro-ministro, manifestando a sua estranheza e solicitando esclarecimentos”, afirmou o antigo ministro da Defesa Nacional de Cabo Verde.