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Cabo Verde quer resgatar digitalmente documentos históricos

São documentos dispersos por diversas instituições, como o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a Fundação Mário Soares, os arquivos da PIDE e da Torre do Tombo.
12 Junho 2025, 16h24

Cabo Verde está a preparar um projeto para resgatar em formato digital diversos documentos históricos ligados à independência, que completa 50 anos, disse hoje à Lusa o presidente do Instituto do Arquivo Nacional (IANCV).

São documentos dispersos por diversas instituições, como o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a Fundação Mário Soares, os arquivos da PIDE e da Torre do Tombo.

“Os artigos pertencem-lhes e o que vamos fazer é organizar, tratar, digitalizar essa documentação” e disponibilizá-la em Cabo Verde, através das plataformas do Arquivo Nacional, explicou José Maria Borges.

“Queremos organizar os arquivos da independência”, resumiu.

Os originais “continuarão nos arquivos” em que estão depositados e aquilo que será transferido para Cabo Verde “são os ficheiros em formato digital” para garantir que, “quando for necessário consultar algo sobre este período, se possam fazer trabalhos de pesquisa e investigação” sem sair do arquipélago.

É um trabalho de partilha de arquivos entre os dois países, indicou Borges, apontando como exemplo as referências a pessoas cabo-verdianas nos documentos da PIDE, polícia política da ditadura colonial portuguesa, “informações que interessam no contexto da luta de libertação” do arquipélago.

Tal como em anteriores ocasiões, o arquivo cabo-verdiano conta com a parceria da Torre do Tombo, num projeto que se pretende pronto a apresentar às tutelas até final do ano.

A ideia segue os passos do projeto “Resgate” em que o país digitalizou e processou, entre 2021 e 2024, oito mil documentos do Arquivo Histórico Ultramarino relativos à sua história no período colonial, entre os séculos XVII e XIX, .

A iniciativa contou com o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

“Houve técnicos deslocados para o trabalho arquivístico”, que terminou no ano passado, seguindo-se a disponibilização ao público através de plataformas digitais, na Internet.

A preparação do novo projeto leva José Maria Borges a Portugal, a partir de hoje, para reuniões com parceiros e participação numa das conversas abertas da Festa dos Arquivos, na Torre do Tombo, iniciativa da Direção-Geral dos Livros, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) – a experiência de partilha de património arquivístico entre os dois países vai estar em debate na sexta-feira.

Os 50 anos da independência de Cabo Verde celebram-se a 05 de julho e o arquipélago promove um programa de atividades com várias celebrações ao longo do ano.

Esta semana, o programa inclui a celebração da Semana Internacional dos Arquivos, sob o Lema “Arquivos Acessíveis: Arquivos para Tod@s”.

O Arquivo Nacional de Cabo Verde, cujos serviços funcionam no edifício da antiga Alfândega da Praia, foi criado em 1988, tendo como principal missão “recolher, organizar, conservar e divulgar o património arquivístico nacional”.

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