“Não foi detetada nenhuma atividade de pesca ilegal, ou mesmo de outro tipo de prática ilícita durante os dias em que decorreram estas missões”, avançou, na cidade da Praia, Maysa Racheateau, da Inspeção Geral das Pescas (IGP) de Cabo Verde, que realizou a operação intitulada “African Nemo 23.1”, financiada pela Agência Europeia de Controlo da Pesca (EFCA), em colaboração com a Comissão Sub-Regional de Pescas (CSRP).
Segundo a inspetora-geral, o facto de não ter sido detetado qualquer atividade ilegal entre 6 e 17 de fevereiro é uma situação que se assemelha a muitas outras, já que é mais uma operação de patrulha conjunta, realizada no quadro do projeto Pescao, financiado pela União Europeia nos últimos cinco anos em cerca de 17 milhões de euros para beneficiar 13 países africanos.
A operação de fiscalização conjunta, que serviu igualmente para treinar as marinhas, abarcou a ZEE de Cabo Verde, mas também do Senegal e da Gâmbia, e contou com duas aeronaves (uma da Marinha Francesa e outra da EFCA), assim como um navio de patrulha oceânica.
Durante as duas semanas, foram realizados 17 voos, com mais de 62 horas, foram avistados 27 barcos de pesca e realizada uma operação de busca e salvamento, em atividades coordenadas pelo Centro de Operações de Segurança Marítima (Cosmar), na cidade da Praia.
“As operações de patrulha conjunta têm sido feitas repetidamente, e nunca foi detetada nenhuma prática de pesca ilegal”, insistiu a mesma fonte, explicando que isto não quer dizer que não haja, quanto mais não seja porque é um crime que acontece em todo o mundo, mesmo em países com mais meios humanos e financeiros.
E lembrou que Cabo Verde, um arquipélago com 99% de mar, está situado no golfo da Guiné, considerada uma “zona quente” em termos de práticas ilícitas.
“Portanto, Cabo Verde tem que se precaver, nós temos um território marítimo muito maior do que o terrestre e é ali que nós temos que exercer a nossa soberania, temos que estar preparados. Não encontrarmos agora não quer dizer que não haja, mas mesmo que haja será residual e esporádico”, salientou a inspetora-geral.
A bordo do navio da Marinha Francesa também embarcou um inspetor da IGP de Cabo Verde, que durante quatro dias patrulhou a ZEE nacional numa operação acompanhada por elementos da EFCA e da CSRP e por oficiais da Guarda Costeira e inspetores da IGP.
Mesmo com os resultados considerados positivos, a responsável cabo-verdiana disse que “não se pode cruzar os braços e ficar descansado”, e pediu investimentos para dotar o arquipélago de mais meios navais e aéreos para patrulhar as suas águas.
“Nós temos um espaço imenso, em que é necessário mostrarmos a nossa soberania, a nossa presença, não só para combater a pesca ilegal, mas também para uma presença dissuasora”, indicou Maysa Racheateau, referindo que o país tem beneficiado da cooperação internacional para esta e outras operações conjuntas.
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