O abandono escolar no ensino superior continua a subir, com 13,2% dos novos alunos a deixarem de estudar, segundo dados nacionais que revelam 11 cursos em que todos os estudantes desistiram.
Num universo de mais de 265 mil novos alunos, cerca de 35 mil já não se encontravam inscritos no ensino superior no ano seguinte ao da matricula, segundo uma análise feita pela Lusa aos dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) disponibilizados esta sexta-feira no Portal Infocursos 2025.
Os dados permitem perceber onde estavam os alunos um ano após a primeira inscrição: A maioria continuava no mesmo curso, mas são cada vez mais os que desistem.
Os cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP) são os que levantam mais preocupações, com 28,1% dos matriculados a abandonarem os estudos no primeiro ano (um aumento de 1,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior).
Também há mais pessoas a desistir dos mestrados de 2.º ciclo, com 15,% dos novos alunos a não se inscreverem no ano seguinte, e nas licenciaturas a taxa de abandono foi de 11,2% (mais 0,1 ponto percentual).
Apenas os mestrados integrados registaram uma ligeira diminuição de desistências, passando de 3,6% para 3,1%.
Num universo de cerca de quatro mil cursos, destacam-se 11 em que todos os 263 alunos matriculados abandonaram o ensino superior, segundo a DGEEC, que mostra que estes estudantes já não estavam inscritos no seu curso nem tinham pedido transferência para outro.
Na lista dos mestrados em que todos desistiram aparecem os cursos de “Realização para Cinema Documental”, da Universidade Lusófona (48 alunos); “Técnicas de Arqueologia”, do Politécnico de Tomar (38 alunos) e Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, na Escola Superior de Saúde de Santa Maria, no Porto (28 alunos).
Alargando a pesquisa, encontram-se 146 cursos em que mais de metade dos alunos abandonou o ensino: Foram quase 3.000 estudantes que saíram do sistema e a maioria estava a fazer um mestrado.
A mudança de curso continua a ser uma opção para 8,5% dos caloiros em licenciaturas, 9,1% dos inscritos em mestrados integrados e 5,6% dos novos inscritos em cursos CTeSP, mas a grande maioria permanece no curso em que conseguiu uma vaga.
São também cada vez mais os que conseguem ficar colocados na sua primeira opção de curso quando se candidatam ao ensino superior, segundo dados da DGEEC, que também apresentam taxas de sucesso.
Num universo de 4.188 cursos, houve 22 em que a taxa de conclusão no tempo esperado foi de 100%, em que os 113 alunos concluíram a sua formação sem chumbar. A grande maioria estava a fazer mestrados.
Os cursos com taxas mais elevadas de conclusão continuam a ser os da área da Educação e Saúde e Proteção Social.
Por outro lado, há 364 cursos em que nenhum dos novos inscritos conseguiu terminar a formação no tempo esperado, num total de 5.945 alunos que se inscreveram em áreas variadas.
Nas formações com mais inscritos destaca-se o curso de Direito e Ciência Jurídica, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa: Dos 372 alunos que entraram pela primeira vez, nenhum conseguiu terminar dentro do prazo.
Os outros dois cursos com mais inscritos e menos sucesso foram os de “Enfermagem” no Politécnico de Setúbal e na Universidade de Évora.
Através do portal Infocursos é possível conhecer melhor os 6.225 cursos disponíveis no ensino superior: São 1.062 cursos CTeSP, 1.661 licenciaturas e mestrados integrados e outros 3.502 mestrados de 2.º ciclo.
Além de dados por curso, o portal apresenta várias estatísticas nacionais, que no caso das licenciaturas dizem respeito à oferta formativa para o próximo ano letivo mas também a realidade vivida pelos alunos que se inscreveram pela primeira vez no ano letivo de 2023/24.
Os dados revelam, por exemplo, uma ligeira diminuição de estrangeiros no ensino superior, contrariando uma tendência de aumento que se vinha registando na última década. Apenas os mestrados registaram um ligeiro aumento de 26,2% para 26,4%.
O portal também nos dá informação sobre os níveis de desemprego no Ensino Superior, através do número de inscritos nos centros do IEFP.
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