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Cafôfo – De derrota em derrota até à derrota final!

Teve também outra derrota, porventura, esta mais visível e politicamente mais pesada, quando mostrou ser um inútil na relação com Lisboa e com António Costa, por mais murros na mesa que dê, como uma vez disse que fazia.
19 Dezembro 2018, 07h15

Depois de uma semana política e publicamente marcada por álcool e masturbação, o que até pode parecer contraditório, basta relembrar o que dizia o guarda do castelo no “Macbeth”, do bardo inglês (Shakespeare), que a bebida aumenta o desejo mas impede a consumação, e não querendo falar muito mais sobre o que se passou, excepto que um, o do PSD-M, mostrou dignidade e pediu a suspensão do mandato, saindo da Assembleia Legislativa da Madeira, enquanto, o outro, o do PS-M, por lá continua, como se nada tivesse acontecido, como se, na política, as organizações partidárias e os eleitos, legítimos representantes da população, não tivessem que agir por um conjunto de valores em que acima de tudo estão a ética e a decência, revelando que para alguns basta parecer, que ser, isso é já apenas uma memória perdida de um tempo cada vez mais esquecido, vamos ao que realmente interessa: mais uma mentira do candidato indicado pelos socialistas à Quinta Vigia e as derrotas não totalmente perceptíveis para os leitores comuns, mais habituados que estão a ler as gordas e a não pensar no que realmente querem dizer as notícias.

A última mentira foi ter adiado a saída do “part-time” que ocupa na Câmara Municipal do Funchal, já que, em Setembro deste ano, disse que mal fosse conhecida a data das eleições regionais iria sair da autarquia. Como se vê, ainda por lá anda e por lá vai andar até à última para capitalizar o mediatismo que o cargo lhe dá. Mas, mais uma vez, demonstra que não tem palavra, o que deveria deixar os eleitores deveras preocupados. Afinal, quem é que pode confiar em alguém que não cumpre o que diz. Como se não bastasse mentir despudoradamente, tem ainda a lata de ir já dizendo que o seu vice dará um bom presidente, esquecendo-se, porque lhe convém, claro, que os funchalenses quando foram a votos não o fizeram para o escolher como presidente, o que, aliás, viu-se bem numa sondagem recente publicada no Económico em que 50% dos madeirenses acha que deveria haver intercalares para a presidência da autarquia.

Ademais, tenho muita desconfiança nas capacidades de alguém que passa a vida a fazer notícias de que é o “Tio Patinhas”, que faz milagres com as finanças, esquecendo-se claro de contar a “estória toda” porque assim lhe dá jeito, nomeadamente que, quando chegou à autarquia, já havia em curso um PAEL para regularização financeira da autarquia e que, depois, pediram um empréstimo de 10 ME (logo é apenas mais um “Patacôncio”) e que ainda muito recentemente fez uma notícia de meia página para dizer que ia normalizar, nos próximos meses, todas as adufas da rede viária municipal. Foram precisos quatro anos para arranjar 85 mil euros e decidir nivelar a coisa (ou as coisas, consoante quiserem)…Enfim, é de fugir, de facto, desta gente…

Das derrotas e não são poucas, enumeremos algumas: a saída do JPP da coligação Confiança. Para quem dizia que geria muito melhor os partidos do que estes a si próprios, convenhamos que a realidade provou ser outra, independentemente do voto favorável que teve dos seus ex-comparsas para a aprovação do orçamento municipal.

Depois teve duas ligadas à ACIF. Na primeira, Sérgio Gonçalves, o candidato que apoiava para a presidência e que supostamente coordena o seu programa de governo na Economia e Turismo, acabou por retirar a sua candidatura à presidência da associação; na segunda, a ex-presidente, Cristina Pedra, que supostamente seria uma sua escolha para um putativo governo regional já veio, à público, dizer que não será trunfo eleitoral de ninguém.

Teve também outra derrota, porventura, esta mais visível e politicamente mais pesada, quando mostrou ser um inútil na relação com Lisboa e com António Costa, por mais murros na mesa que dê, como uma vez disse que fazia. Se porventura respeitasse a Autonomia, se porventura  tivesse alguma influência na República teria brilhado na resolução do problema do financiamento, por parte do Estado, da construção do novo hospital da Madeira, mas, como bem se viu, vale zero e foi o PSD-M, mais uma vez, o defensor dos madeirenses e porto-santenses.

Outra pesadíssima derrota são as sondagens. Já lá vai um ano do golpe palaciano em que os piores de sempre  – basta ver a figura que fez o actual líder parlamentar e responsável pela pior derrota de sempre dos socialistas numas regionais, com 11%,  durante o debate do ORAM em que o único argumento foi o nome do candidato à Quinta Vigia, quando no ano passado foi apresentado um autêntico orçamento-sombra – afastaram o melhor de sempre e continua tudo igual. O PS-M não descola do PSD e vale tanto quanto valia sob a direcção de Carlos Pereira.

Por último e também não menos importante, porque os escândalos que conspurcaram a discussão do ORAM 2019, vão naturalmente dissipar-se, este é, sem qualquer margem para dúvidas, um excelente Orçamento Regional, inquestionavelmente, o melhor dos últimos anos e as pessoas e as empresas irão sentir isso mesmo durante todo o próximo ano, indo colher os frutos disso o PSD-M.

Ou seja, por mais whisful thinking que possa ser, cheira-me que o candidato do PS-M, que passa a vida a dizer uma coisa e a fazer outra, que nunca concretiza a forma como fará o que tanto promete, até parece que descobriu uma árvore das patacas, vai de derrota em derrota até à derrota final.

P.S. Já que a direcção do PS-M mantém a confiança no vice-presidente e deputado Avelino da Conceição, fiquei a pensar numa fala do Anie Hall do Woody Allen – «Dont knock masturbation, its sex with someone i love».

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