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Caixa BI, BCP, Daiwa e Santander lideram na assessoria financeira até agosto

Nos primeiros oito meses do ano, os setores do imobiliário e da tecnologia mantiveram-se como os mais ativos, com 56 e 28 fusões e aquisições anunciadas ou concluídas, respetivamente.
13 Setembro 2020, 19h00

O Jornal Económico celebra no dia 16 de setembro o seu quarto aniversário. Nos quatro anos, todos eles de crescimento, o jornal visou sempre noticiar os principais acontecimentos na economia, na política, e no mundo. O olhar mais importante foi sempre, no entanto, para a frente – o que é que vai acontecer a seguir?  Numa altura de incertezas devido à pandemia, decidimos marcar o aniversário com trabalhos sobre o futuro. Oferecemos aos nossos leitores análises sobre as perspetivas da economia, dos mercados e da política (nacional e externa). Temos uma grande entrevista com o presidente da AICEP e também um Forum no qual 33 líderes sugerem as receitas para ajudar Portugal sair de uma crise inesperada. Obrigado pela preferência!

O mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla anglo-saxónica) em Portugal continua a crescer em valor, apesar de o número de transações ter caído ligeiramente em termos homólogos. Até ao final de agosto, o país registou 207 operações, menos 8% do que em igual período do ano passado, tendo sido movimentados 11,3 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 40%, de acordo com os últimos dados do diretório internacional Transactional Track Record (TTR).

Ao longo dos primeiros oito meses do ano, os setores do imobiliário e da tecnologia mantiveram-se no pódio dos mais ativos, com 56 e 28 deals, respetivamente. É também nestas áreas que os fundos de capital de risco (venture capital) demonstram mais apetite, tendo realizado 37 investimentos que movimentaram 271 milhões de euros – mais 57% do que nos primeiros oito meses de 2019. Já os fundos de private equity registaram 12 operações, avaliadas em 1,9 mil milhões de euros – um valor superior em 20%.

Segundo os especialistas contactados pelo Jornal Económico (JE), este tipo de operações irá demonstrar uma trajetória de subida, até pelo contexto de baixas taxas de juro, e pode ser uma boa solução para as empresas alargarem os seus negócios ou reposicionarem-se.

“Conforme ficou demonstrado na última crise financeira, quem teve a audácia e o engenho de completar aquisições estratégicas saiu vencedor no momento da recuperação.

De um lado do espectro estão hoje corporates que acumularam liquidez significativa nos últimos anos e uma indústria global de private equity sedenta de oportunidades para canalizar um nível recorde de liquidez por investir, do outro estão os negócios que, embora viáveis operacionalmente, apresentam neste momento insuficiências que não conseguem ultrapassar sem injeções externas de capital”, afirma João Nuno Palma, vice-presidente da comissão executiva do Millennium bcp, que tem o pelouro do BCP Investment Banking. Na sua opinião, cabe aos intervenientes neste mercado, como os bancos de investimento, desempenhar o papel de catalisadores na transformação da economia e atrair capital para os negócios que mais precisam, “podendo assim, beneficiar da forte injeção de liquidez em curso”.

 

‘Pipeline’ a vir ao mercado
Pedro Costa, responsável de Corporate Solutions do Haitong Bank, mostra-se otimista na recuperação da atividade de fusões e aquisições em Portugal. O banco de investimento do qual faz parte atua como assessor financeiro em operações correntes como a parceria entre a Mota-Engil e o grupo de construção chinês CCCC ou a privatização de ativos da Efacec, que passaram temporariamente para o Estado em julho. “Os investidores de private equity e os fundos de investimento e de infraestruturas, sobretudo internacionais, têm vindo a mostrar grande interesse e dinâmica neste mercado, sendo a venda da Brisa e da Rovensa exemplos recentes. Com as carteiras de financial sponsors a chegarem à maturidade, existe um pipeline de operações de M&A a virem a mercado num futuro próximo com alguns desses investidores a fazerem o exit desses investimentos”, diz ao JE.

Por exemplo, o Santander esteve envolvido na assessoria à Cellnex na aquisição da Omtel em Portugal (por 800 milhões de euros), à Sonae Sierra e APG na alienação de 50% do capital social da Sierra Prime (por 525 milhões de euros), à Glennmont Partners na venda de portefólio solar em Portugal (valor não divulgado) e à NOS na venda de 100% da NOS Towering à Cellnex (375 milhões de euros + 175 milhões de euros).

Acácio Matoso Rego, responsável pela área de Corporate Finance/M&A do Santander em Portugal, antevê que a incerteza quanto à duração da crise ou a velocidade da retoma económica não influenciará negativamente a atividade de M&A, que se deverá manter “em níveis relativamente elevados” devido a transações como as suprarreferidas ou a outras “ mais oportunistas nos setores mais cíclicos e mais afetados pela crise, à medida que a curto ou médio prazo as valorizações dos ativos mais cíclicos e mais afetados pela crise vão baixando, ou que surjam mais vendas de ativos em distress”.

Francisco Rangel, administrador do Caixa BI lembra que em fases dessa incerteza e até contração económica “pode potencialmente assistir-se ao aumento das oportunidades para a realização de operações de M&A”.

“A exigência de ganhos de eficiência, que muitas vezes passa pela necessidade de reestruturação interna das empresas ou grupos económicos, a otimização da estrutura de capital ou a urgência em reforçar os capitais permanentes e a execução dos planos de expansão e de crescimento das empresas, levam a que muitas olhem para as operações de fusão e aquisição como instrumento para a concretização daqueles objetivos”, argumenta, em declarações ao JE.

Observando a performance do mercado transacional só no mês passado, contabilizaram-se 24 transações de M&A (entre anunciadas e concluídas), com um valor total de 1,2 mil milhões de euros – neste caso, um decréscimo de 15% em número e de 12% em valor comparativamente a agosto de 2019. Para o TTR, o negócio que se destacou foi a aquisição de participação majoritária detida pela Engie e EDP na Windplus por parte da OW OffShore, que movimentou 61 milhões de euros.

Quem foram os assessores financeiros que mais se destacaram?
O ranking de assessores financeiros deste ano (dados de janeiro a agosto) é liderado, em valor transacionado, pelo Caixa BI, Millennium bcp e Daiwa Capital Markets (2.433 milhões de euros), Banco Santander (1.822 milhões de euros, CaixaBank Corporate Finance, Lazard, Mediobanca, AZ Capital, Boston Consulting Group (BCG), Alantra, Carnegie e Crosbie.

Já em número a lista é encabeçada pelo Santander, seguindo-se o CaixaBank Corporate Finance e o Caixa BI. A tabela das instituições financeiras que se destacam pelo número de transações assessoradas é ainda composta pelos restantes que foram mencionados, à exceção de que sai a Crosbie e entra o Grupo Ifedes para a 6ª posição.
No primeiro semestre de 2020 as firmas que sobressaíram, quer em número quer em valor, foram exatamente as mesmas, tendo apenas a juntar o trio Alvarez & Marsal, CloudOrigin e Torreya Partners ao ranking por valor transacionado.

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