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Caixa Geral de Depósitos – Mas afinal o que se passou?

Continuam a não haver nem respostas nem responsáveis para perguntas e questões que os portugueses têm o direito de saber – Houve um “regabofe de meia noite” na CGD com muitos milhões de euros a serem desbaratados em créditos concedidos que não foram pagos? Afinal o que se passou na CGD e para onde é que foi o nosso dinheiro?
5 Fevereiro 2019, 07h15

A acompanhar as notícias que vieram recentemente “a lume” sobre os créditos concedidos na Caixa Geral de Depósitos (“CGD”) (o banco público, ou seja, de todos nós) e que não foram cobrados, assim como as reacções (relativamente comedidas) dos “opinion makers” e dos partidos políticos, deixa-me num estado de absoluta estupefação.

Ao todo, o Estado Português já injectou na banca portuguesa até 2018 cerca de 20 mil milhões de euros, sendo este dinheiro de todos nós. Para que possamos todos ter noção da grandeza dos valores que estamos a falar, com este montante era possível construir 20 aeroportos do Montijo, e seria possível cobrir o custo no novo Hospital do Funchal, que a Madeira tanto precisa e cujo custo o Governo Nacional se recusa a assumir, 75 vezes…

Só para a recapitalização da CGD, o Estado Português injectou cerca de 5 mil milhões de euros e agora, através da lista de devedores tornada pública, se percebe que, pelo menos, 2 mil milhões de euros (7 novos hospitais para a Madeira) são resultantes de imparidades, sendo que alguns dos devedores receberam créditos de largas centenas de milhões de euros sem que tenham pago de volta 1 único cêntimo… Verdadeiramente incompreensível…

Mais incompreensível é ainda do facto do Estado Português “fazer gala” em divulgar a lista de devedores do Fisco e da Segurança Social, mas assumir uma posição diametralmente oposta e se recusar a divulgar oficialmente a lista dos maiores devedores da CGD. É caso para perguntar, qual é a diferença de um devedor para outro?

Mas a perplexidade persiste quando se percebe que a comissão parlamentar de inquérito à CGD tentar divulgar a lista de devedores, e a maioria parlamentar PS, PCP e BE apressou-se a encerrar os trabalhos sem que nada se apurasse e sem que nada fosse divulgado. Afinal o que é que há para esconder?

Deste modo, após um ano em que o Instituto Nacional de Estatística confirmou que os portugueses foram chamados a suportar a carga fiscal mais elevada dos últimos 22 anos, no qual os portugueses foram chamados igualmente a injectar 5 mil milhões de euros (custo de cerca de 19 hospitais para a Madeira) para recapitalizar a CGD, continuam a não haver nem respostas nem responsáveis para perguntas e questões que os portugueses têm o direito de saber – Houve um “regabofe de meia noite” na CGD com muitos milhões de euros a serem desbaratados em créditos concedidos que não foram pagos? Afinal o que se passou na CGD e para onde é que foi o nosso dinheiro?

Temo que a continuarmos assim e isto tudo a ser verdade, vamos hipotecar o futuro das gerações dos nossos filhos e dos nossos netos, passando-lhes Portugal como o país que é hoje, um país que infelizmente não sai da “cepa torta” e que beneficia uma rede de amigos bem relacionados, em detrimento das famílias, dos trabalhadores, do empresários e das empresas, estes sim, as verdadeiras fontes de riqueza e prosperidade do país. Tudo isto é algo que, em consciência, não podemos aceitar ou nos conformar e torna-se imperioso, acima de tudo, garantir que este tipo de descontrolo sobre a “coisa pública” e o banco público nunca mais volta a acontecer!

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