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Calçada portuguesa em destaque no “New York Times”

“Os padrões nos pavimentos fazem tanto parte da herança portuguesa como um copo de Vinho de Porto ao fim da refeição”, sublinha a imprensa norte-americana.
Foto: Bruno Lopes/Direitos Reservados
4 Abril 2019, 19h40

O jornal norte-americano ‘The New York Times’ esteve em Lisboa e teceu elogios “aos padrões pretos e brancos que adornam os passeios” das ruas da capital: a calçada portuguesa.

“Os pavimento são considerados obras de arte” afirma o jornal da ‘cidade que nunca dorme’. A Escola de Calceteiros foi criada em 1986, e desde esse ano já formou 224 profissionais, que vão mantendo a calçada já existente e vão criando novos padrões.

Ainda assim, o ‘The New York Times’ revela que a escola esconde um benefício da história e cultura portuguesa. Em entrevista ao jornal, Ana Baptista, membro de comunicação da escola, diz que a tradição é transmitida através de diversas gerações, mas que nada ficou escrito, e então o objetivo da escola é preservar as capacidades.

“Os padrões nos pavimentos fazem tanto parte da herança portuguesa como um copo de vinho de porto ao fim da refeição” diz a imprensa norte-americana. O primeiro pavimento foi colocado por prisioneiros, em 1842 no Castelo de São Jorge, mas já não existe. A Praça do Rossio, atualmente, é a maior área coberta pela típica calçada portuguesa, com 6 mil metros quadrados.

Muita da calçada está a ser substituída por cimento liso, que tem vindo a retirar os passeios escorregadios espalhados pela capital portuguesa. No entanto, a calçada portuguesa apesar de ser antiga, também faz parte dos nossos Descobrimentos, uma vez que muitos dos padrões simbolizam as ondas e as conquistas marítimas do século XV e XVI.

Ainda assim, os norte-americanos afirmam que os padrões só são limitados à imaginação do mestre calceteiro que as criar. Apesar das ondas, muitos padrões assemelham-se ainda com golfinhos, e outros têm referências com a natureza, como pássaros, estrelas e flores, além de rosetas e a Cruz de Cristo.

A maior parte das pedras provêm da Serra de Aire e Candeeiros, onde se retiram as pedras brancas, negras e cinzentas claras. Já as que possuem cores, como o amarelo ou rosa, chegam a Lisboa da zona sul do Alentejo.

A típica calçada portuguesa pode ser vista um pouco por todo o mundo, como no Rio de Janeiro, Angola, Macau, Moçambique mas também em Nova Iorque, onde está exposto no memorial de John Lennon, no Central Park.

No entanto, a obra com mais destaque é Amália Rodrigues, criada em 2015, com assinatura de Alexandre Farto ou Vhils, como é mais conhecido no mundo artístico. A obra, nas encostas de Alfama, serve para celebrar a vida e obra da fadista que morreu em 1999. Ana Baptista diz que “o desenho começa no chão e vai subindo a parede” e acrescenta que “quando choves, parece que está a chorar e a recriar a emoção do fado”.

Na praça dos Restauradores, à saída do metro, há duas estátuas a celebrar a obra dos mestres calceteiros portugueses. Criadas em 2006 por Sérgio Stichini, as obras só foram expostas à luz em 2017, quando foram colocadas ao lado do Hotel Avenida Palace.

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