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Califórnia tem novo centro de certificação para aumentar número de professores de português

O processo demorou cerca de um ano e foi possível com o apoio financeiro da FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, o trabalho da Coordenação do Ensino de Português nos EUA/ Instituto Camões e do professor Ricardo Vasconcelos, diretor do Departamento de Espanhol e Português da SDSU.
29 Dezembro 2024, 10h28

A Califórnia tem uma nova agência de certificação de professores de português, situada na Universidade Estadual de San Diego (SDSU) e oficialmente reconhecida pela Commission on Teaching Credentialing, para aumentar o ensino da língua no estado norte-americano.

O processo demorou cerca de um ano e foi possível concretizar com o apoio financeiro da FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, o trabalho da Coordenação do Ensino de Português nos EUA/ Instituto Camões e do professor Ricardo Vasconcelos, diretor do Departamento de Espanhol e Português da SDSU.

“A agência corresponde a um exame em que o departamento avalia as competências linguísticas, a fluência, a proficiência, o uso de gramática, a correção de qualquer falante de língua portuguesa para verificar que corresponde aos mínimos requisitos da CTC”, explicou à Lusa Ricardo Vasconcelos.

A campanha de promoção do exame começou junto de alunos e membros da comunidade e está agora a ser feita nas escolas públicas do condado escolar de San Diego. A ideia é verificar quais são os professores de outras disciplinas que saibam falar português e possam ter interesse em adotar uma segunda credencial.

“Esse é um dos objetivos, tornar pessoas que estejam no distrito escolar e que sejam falantes de português habilitadas para ensinar a língua nas próprias escolas”, referiu Ricardo Vasconcelos.

Esta é apenas a segunda agência de certificação de professores de português na Califórnia e a primeira no sul do Estado. A outra situa-se no norte, em Turlock, onde há uma grande comunidade de origem portuguesa.

“Há duas vertentes pelas quais este exame pode ajudar”, disse Ricardo Vasconcelos, que criou o exame com as colegas do departamento na SDSU. “Uma delas é tentar suprir uma carência de pessoas que querem fazer essa acreditação, mas por algum motivo nem pensaram ir a Turlock ou estão um pouco perdidas sobre o que é que têm que fazer, porque o processo às vezes pode ser confuso”, explicou.

“Por outro lado, há esse desejo de tentar apelar aos próprios professores dos distritos escolares que falam português mas que estejam a ensinar outras matérias”, reiterou. “Estimulá-los a fazer essa credencial no sentido em que vai enriquecer os currículos e pode realmente abrir outras portas”.

Com o apoio a três anos dado pela FLAD, o exame é gratuito, sendo que qualquer pessoa com uma licenciatura pode inscrever-se. A certificação pela CTC exigirá depois outros requisitos, dependendo dos casos – por exemplo, alguém que esteja credenciado para o ensino de línguas já terá mais requisitos cumpridos.

“O nível de proficiência exigida é o intermédio alto”, indicou Ricardo Vasconcelos, o que significa que não se cinge a nativos de português. “Pode ter um impacto muito positivo. A ideia é, por exemplo, os alunos que às vezes terminam os cursos de línguas e não sabem o que vão fazer com aquela licenciatura, terem uma dupla credencial”.

Isto é particularmente importante numa altura em que a procura pelo ensino de línguas está em queda nos EUA e há um questionamento em relação ao valor económico associado aos graus das Humanidades.

“Há uma baixa no número de alunos que querem estudar línguas, cerca de 20%, segundo os relatórios da Modern Language Association”, disse o professor. “E isso é para todas as línguas, desde o espanhol até ao português, passando por alemão ou russo”.

A quebra começou na pandemia de covid-19 e manteve-se nos anos seguintes. Os alunos começaram a procurar cursos que proporcionam salários mais altos logo após a conclusão da licenciatura, como é o caso de áreas ligadas à engenharia.

“Nós não estamos numa fase de grande expansão da língua portuguesa, pelo contrário, estamos numa fase de ir à luta e trazer mais estudantes para os programas”, resumiu Ricardo Vasconcelos. “Portanto, tudo aquilo que se possa agregar aos próprios programas, como a possibilidade de serem certificados e credenciados como professores, vai ajudar”.

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