Foi aprovada ontem, em reunião da Câmara Municipal de Lisboa, a Avenida José Manuel de Mello no troço que ainda era 24 de Julho e que passa em frente ao Hospital CUF Tejo, em homenagem ao empresário e fundador do Grupo José de Mello, dono do Grupo CUF, que morreu em 2009.
Esta proposta foi aprovada com os votos de Novos Tempos (coligação PSD e CDS, que inclui PPM, MPT e Aliança) e do PS, e partiu da iniciativa de Carlos Moedas. Antes, tinha sido aprovada pela Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa.
A proposta de atribuição do topónimo “José Manuel de Mello” ao troço da Av. 24 de Julho foi levada a reunião da autarquia e mereceu os votos contra dos partidos de esquerda: PCP, BE, Livre e do CPL (Cidadãos por Lisboa).
José Manuel da Silva Mello, nascido em 1927, foi herdeiro de uma dinastia notável de industriais e empreendedores, assumindo com determinação a continuidade de uma tradição de inovação iniciada pelo seu avô, Alfredo da Silva, fundador da Companhia União Fabril (CUF). Este, com uma postura discreta e uma visão clara e objetiva, conseguiu reerguer e consolidar ao longo de décadas um império empresarial frequentemente desafiado pelas transformações políticas e económicas do país.
Após a revolução de Abril de 1974, José Manuel de Mello enfrentou um dos períodos mais desafiantes da sua trajetória empresarial, marcado pela nacionalização do grupo CUF, que representou um golpe significativo para o património da sua família. No entanto, respondeu com notável resiliência, transformando essa adversidade numa oportunidade de renovação que culminou, em 1989, na fundação da holding José de Mello, SGPS, rapidamente consolidada como um dos maiores conglomerados empresariais em Portugal, com presença destacada nos setores da saúde, das infraestruturas e da energia.
Considerado um visionário, José Manuel de Mello apostou no setor da saúde, o que resultou na criação da rede CUF de hospitais privados, revolucionando a prestação de cuidados médicos em Portugal ao oferecer uma alternativa de excelência ao sistema público. Isso refletiu o seu entendimento da saúde como uma responsabilidade social e não meramente empresarial, levando-o a comprometer-se com a promoção da qualidade e da acessibilidade dos cuidados de saúde, num equilíbrio exemplar entre estratégia empresarial e missão cívica que definiu a sua forma de liderar.
A rede iniciou a sua atividade em Lisboa com a inauguração do Hospital CUF Infante Santo, a 10 de Junho de 1945, destinado aos colaboradores da Companhia União Fabril e respetivas famílias. Expandiu-se em 2001, com a abertura do Hospital CUF Descobertas, no Parque das Nações, distinguindo-se como a primeira unidade privada em Portugal organizada por valências médicas estruturadas e equipas dedicadas. Reforçou a sua presença na capital com a inauguração do Hospital CUF Tejo, em Alcântara, a 28 de Setembro de 2020, uma infraestrutura moderna e tecnologicamente avançada que substituiu o histórico CUF Infante Santo, num investimento superior a 170 milhões de euros.
José Manuel de Mello, paralelamente, evidenciou um interesse profundo pelo desenvolvimento das infraestruturas em Portugal e, através da Brisa, uma das principais concessionárias de autoestradas do país, desempenhou um papel decisivo na modernização da rede rodoviária nacional. A sua visão estratégica e capacidade ímpar de execução permitiram não só a expansão significativa deste setor, como também a consolidação da posição da Brisa no panorama europeu, onde se afirmou como uma referência incontornável.
No plano pessoal, José Manuel de Mello destacou-se pelo seu caráter reservado e pela dedicação à cultura e à filantropia, dimensão humanista expressa na Fundação Amélia de Mello, criada em homenagem à sua mãe e através da qual a família Mello continua a apoiar causas ligadas à educação, à cultura, à saúde, ao empreendedorismo, à indústria e à inovação social. Isso dá continuidade a um legado sustentado numa visão que sempre procurou aliar o sucesso empresarial a um impacto positivo e duradouro na sociedade.
José Manuel de Mello foi distinguido ao longo da sua vida com diversas condecorações oficiais que reconheceram o seu contributo extraordinário para a economia e o desenvolvimento social do país. Foi agraciado em 1964 com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito Industrial e, em 1969, com a Grã-Cruz da mesma Ordem pelo Presidente Américo Thomaz. Em 2006, recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente Jorge Sampaio e, em 2018, já após o seu falecimento, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito atribuída pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que sublinhou o seu legado enquanto “fazedor de obras sociais, concretas, para pessoas também concretas”.
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