Insultos, mentiras, troca de acusações, promessas, ameaças, debates, viagens, beijinhos aqui, ‘selfies’ acolá, poses para todos os gostos, doses de populismo com fartura, misoginia, racismo – pouco ou nada faltou na campanha norte-americana para as presidenciais entre Donald Trump e Hillary Clinton.
Bem cedo chegaram os insultos de Trump a mexicanos e latinos, logo no anúncio da candidatura, em junho do ano passado, quando os classificou como “assassinos, violadores e traficantes de droga”. Não faltou um incidente com a jornalista Megyn Kelly, em pleno debate entre os pré-candidatos republicanos. Críticas a medidas e gastos com o assunto das alterações climáticas também caracterizaram os discursos de Trump, bem como o elogio a Putin, considerado “mais líder” do que Obama.
Em relação a Hillary, o tema dos emails foi sempre mencionado na campanha, mas também a ideia de que muitos eleitores não confiavam na sua atitude. Trump gozou com um jornalista deficiente em pleno comício na Carolina do Sul. No mês seguinte veio a sua intenção de “proibir a entrada de muçulmanos” no país. Já era janeiro quando referiu: “Podia chegar à 5ª Avenida, dar um tiro em alguém e, mesmo assim, não perderia votos.”
Ao longo dos meses foi repetida a sua ideia de construir um muro na fronteira a sul, algo que não deixou de ser lembrado na visita ao líder mexicano. Entretanto, somaram-se insultos a veteranos de guerra, o pedido para ser retirado um bebé de um comício e o episódio em que Donald Trump fez uma estranha solicitação, dizendo aos doentes terminais que aguentassem até às eleições para poderem votar nele. Marcantes foram não só acusações de assédio sexual como o vídeo de 2005 com declarações degradantes sobre mulheres. Muitos republicanos afastaram-se de Trump, este pediu desculpa e a própria Melania, sua mulher, considerou inaceitável o que o marido dissera.
“Esses comentários sobre as mulheres são intoleráveis”, afirmou Michelle Obama. “Não se tratou só de conversa indecente de balneário – foi um indivíduo poderoso a falar livre e abertamente sobre comportamento sexual predatório, gabando-se de beijar e tocar mulheres”, disse.
Nos debates de outubro, reacendeu-se a ideia de que Trump não pagara impostos durante mais de duas décadas e o milionário comentou que isso fora uma demonstração de inteligência. Ao mesmo tempo, ameaçou prender Hillary e que, se fosse eleito, designaria um procurador especial para julgar o caso dos emails. Além disso, apontou o dedo acusador a Hillary por causa de temas como a guerra do Iraque ou o Daesh, considerando-a uma das fundadoras do grupo terrorista, ao lado de Obama, em função das decisões precipitadas que ambos tomaram.
O assunto dos impostos e de recusa de Trump apresentar a declaração em termos públicos nunca foi esquecido. Uma investigação do “New York Times” concluiu que até os advogados o avisaram acerca da manobra, no limite da legalidade, que lhe permitira não pagar impostos.
Para perto do fim ficaram as acusações de que a candidata democrata “mentiu ao Congresso sob juramento e em várias ocasiões; infringiu a lei vezes sem conta; destruiu 33 mil emails depois de ser notificada pela Justiça e onde o que estava é devastador”, conforme Donald Trump não se tem cansado de insistir a propósito do caso dos emails oficiais usados na sua conta privada. Hillary insiste em pedir desculpa pelo erro, mas, confrontada com a reabertura do caso pelo FBI, repete não haver sustentação para o caso e aponta o dedo ao diretor da instituição, dizendo que cometeu ilegalidade.
Trump considera Hillary “desonesta” desde o início, Hillary desde o começo diz que Trump “não tem perfil” para ser presidente, nem pode ficar perto de armas nucleares. “Respeitarei os resultados se ganhar”, afirmou o republicano, por entre críticas a jornalistas e a um sistema que afirma e reitera estar “viciado”. Além disso, acena com o fantasma de crise constitucional sem precedentes se Hillary for eleita, pois terá de sujeitar-se a investigação por causa dos emails. Do lado democrata, a candidata sustenta: “Each time they go low, we go high!” Mas a campanha teve demasiados pontos baixos.
Nos últimos dias, as sondagens revelam uma tendência de aproximação do milionário à posição de vantagem da ex-senadora. A afluência às urnas e os atuais indecisos serão fundamentais na escolha do 45º presidente.
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