O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, disse ao “Expresso” que Mário Centeno “tem todas as condições” para lhe suceder no cargo, não se pronunciando quanto à “questão eminentemente política” da eventual incompatibilidade da transição direta do ministro do Estado e das Finanças para o banco central. “Tivemos um governador que eu prezo muito, Silva Lopes, que foi ministro das Finanças, e isso não retirou nada independência ao Banco de Portugal. Pelo contrário, foi um dos grandes construtores do Banco de Portugal moderno que nós temos”, afirmou, acrescentando que tudo depende “da forma como a pessoa interpreta o mandato que lhe está atribuído”.
“O ideal é olhar para o perfil do governador que se pretende e depois olhar numa perspetiva de 360 graus para as possibilidades de recrutamento ou de convite que existem e, em função disso, ponderar os perfis que estão em causa”, acrescentou Carlos Costa, que admite manter-se no cargo depois do final do mandato, a 9 de julho, se isso for necessário, permitindo que Mário Centeno terminasse o mandato enquanto presidente do Eurogrupo.
Carlos Costa negou ter ficado com uma má relação com Centeno depois de este não ter sido escolhido para o cargo de diretor do departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, garantindo que “não houve qualquer corte de relações ou memorização da capacidade cientifica e técnica” do atual ministro das Finanças. Mas também admitiu que não tem falado com ele no decorrer da crise provocada pela Covid-19. “Temos trocado notas quando é necessário. Quando escrevo sou muito mais preciso e exato”, disse, numa entrevista que será publicada na próxima edição do semanário.
O governador do Banco de Portugal reservou ainda elogios ao ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, apontando-o como “a pessoa que tem sido mais clara a nível do projeto” na resposta à crise económica. E, sobre a polémica em torno do Novo Banco, referiu-se ao seu vice-governador, Máximo dos Santos, também apontado como candidato à sua sucessão: “Estou convencido de que o presidente do Fundo de Resolução, que é jurista, conhece muito bem o contrato e conhece bem as obrigações que resultam do contrato.”
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