Na sexta-feira, no seguimento da aprovação da declaração unilateral de independência por parte do parlamento catalão e da aplicação do Artigo 155 da constituição espanhola, o primeiro-ministro Mariano Rajoy destituiu o governo catalão, incluindo Carles Puigdemont e Oriol Junqueras, assumindo o controlo direto sobre a região.
Ao mesmo tempo, o Governo de Madrid convocou eleições para o dia 21 de dezembro, numa tentativa de acabar com a pior crise política do país dos últimos 40 anos, mas a Reuters apresenta algumas reservas quanto à possibilidade de estas eleições resolverem o problema, com as várias sondagens mencionadas pela agência a oferecerem resultados diferentes, que variam desde a divisão quase 50-50 entre independentistas e anti-independentistas até a uma sondagem publicada pelo El Muno no domingo, que afirma que os partidos independentistas perderão a sua maioria no ‘Parlament’ para os anti-independência.
Qualquer que seja o resultado, os media catalães terão um papel extremamente importante no que respeita à disseminação de informação. Consciente disso, o Governo abandonou as suas intenções de controlar diretamente a televisão pública catalã, a TV3.
A grande incógnita, no início de mais uma semana de trabalho, é se a população aderirá ao pedido dos maiores grupos secessionistas, que apelaram à desobediência civil e pediram aos cerca de 200 mil funcionários públicos da região que não acatassem ordens de Madrid, respondendo com resistência pacífica.
A este respeito, convém recordar que o governo espanhol afirmou não estar a planear realizar quaisquer detenções, mas os planos podem sair gorados caso a administração regional se recuse a deixar os seus gabinetes. Um dos casos mais mediático é o de Carles Puidgemont, que já publicou no Instagram uma imagem da Generalitat, indicando estar no edifício, algo que a sua destituição proíbe.
De acordo com a Reuters, são vários os analistas que temem que este tipo de episódios leve a um confronto entre a polícia nacional e a população, caso a primeira – com a reputação ainda manchada pelos acontecimentos do dia 1 de outubro –, tente intervir.
O mesmo não se deverá passar com a polícia regional, os Mossos d’Esquadra. No passado sábado, Josep Lluis Trapero, chefe dos Mossos d’Esquadra, foi destituído pelo governo central. No dia seguinte, numa carta aberta, o ministro do Interior espanhol, Juan Ignacio Zoido, louvou esta força policial e pediu-lhe que aceitasse o controlo temporário de Madrid. No entanto, o novo responsável dos Mossos já referiu que esta força se manterá neutral.
Mas – segundo avança a Reuters –, um grupo de Mossos pró-independentista já havia referido que não obedeceria às ordens de Madrid e que não recorreria à força para remover os ministros e deputados do poder, um claro sinal da divisão que grassa entre os cerca de 17 mil efetivos dos Mossos d’Esquadra.
Divisão é o que enfrenta também o tecido empresarial catalão. São já perto de um milhar as empresas que deixaram de ter sede social na região, aproveitando uma alteração legislativa de Madrid e temendo que um novo Tesouro catalão possa aumentar a carga fiscal. Ao mesmo tempo, é possível que os catalães pró-independência deixem de pagar os impostos ao Tesouro Espanhol, que agora controla as finanças da região.
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