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Catarina Martins abre porta a nacionalizações de empresas estratégicas

Coordenadora do Bloco de Esquerda quer suspensão das prestações bancárias e baixas nos custos com energia e rendas para que as empresas possam resistir à crise. Mas também que todos os apoios do Estado só sejam aplicados a quem não despedir trabalhadores precários.
  • catarina_martins_oe_2020
    António Cotrim/Lusa
22 Março 2020, 21h40

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, deixou a porta aberta a nacionalizações na sequência dos efeitos da pandemia da Covid-19, dizendo em entrevista à RTP1 que “um país que tem as suas empresas estratégicas nas mãos de capital estrangeiro está muito fragilizado para responder às crises”. E apontou exemplos como a Galp, o Novo Banco e o caso da compra da Portugal Telecom pela Altice, comentando que a energia [EDP e REN] “talvez seja assegurada pelo Estado chinês, mas isso sossega-me pouco”.

Quando à resposta das autoridades de saúde ao coronavírus, num combate em que “os profissionais de saúde têm sido incansáveis”, Catarina Martins disse que os meios do setor privado devem ser requisitados para apoiar o Serviço Nacional de Saúde, garantindo que “tem todas as condições de que precisa”.

Numa entrevista pautada mais por ataques ao setor financeiro do que por uma avaliação da atuação do Executivo de António Costa, embora tenha reconhecido que as medidas de apoio já anunciadas são curtas quando comparadas com outros países em percentagem do PIB, Catarina Martins disse que “é preciso impor regras à banca”, pois “está na altura de a banca dar algo à economia”. A suspensão de prestações bancárias e fortes baixas nos custos da energia e nas rendas foram apontados pela bloquista como medidas necessárias para as empresas resistirem nos próximos meses.

No entanto, Catarina Martins também defendeu que todos os apoios do Estado, incluindo o diferimento de obrigações fiscais e o recurso ao lay-off, condicionados à ausência de despedimentos, incluindo as não renovações de contratos a prazo. “A primeira coisa que algumas grandes empresas fizeram foi despedir precários”, acusou.

A coordenadora bloquista considerou insuficiente a flexibilização das regras orçamentais da União Europeia, defendendo uma alteração de tratados para impedir a repetição do que sucedeu aquando da crise financeira de 2007/2008, com a imposição da austeridade passados alguns anos.

”Precisamos seguramente da atuação do Banco Central Europeu, pois não temos banco central”, reconheceu Catarina Martins, mencionando a injeção de dinheiro na economia feita nos Estados Unidos e no Reino Unido. E entre a emissão de eurobonds e programas de aquisição direta de dívida pública aos países defendeu a segunda via como a mais eficaz.

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