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Cautela volta a dominar Wall Street antes do fim de semana

Por ora, a grande incógnita é saber se os danos colaterais se irão estender para o segundo trimestre.
22 Fevereiro 2020, 16h29

Por várias vezes já aqui referi que o tema do coronavírus seria algo com uma longevidade ainda incerta mas não de curto prazo, até porque existe um desfasamento entre a progressão da epidemia tanto no número de casos, como nas suas consequências económicas, não apenas na China mas também no resto do mundo, nomeadamente nos países mais expostos à segunda maior economia mundial.

Hoje, e após alguns dias em que o ritmo de contágio parecia ter abrandado, os investidores foram confrontados com um reacelerar desta crise de saúde pública, com a identificação de novos casos na China, mas principalmente com a expansão da doença nos países mais próximos, como a Coreia do Sul, onde foram detectados 100 novos infectados, ou no Japão, que apresenta mais 80 casos positivos.

O alastrar da epidemia já atingiu países como o Irão e o Líbano, inquietando o mercado. Notícias como as da Coca-cola, que alertou para uma diminuição das receitas e dos lucros devido ao coronavírus, têm sido cada vez mais comuns, e serão certamente uma dominante aquando do reporte na época de resultados relativos ao primeiro trimestre.

Mas se o impacto no curto prazo é um dado adquirido, por ora a grande incógnita é saber se os danos colaterais se irão estender para o segundo trimestre, o que colocaria uma forte pressão no comportamento do sector empresarial, podendo invalidar um regresso ao crescimento dos lucros nos EUA, o que, por outro lado, abriria espaço a uma intervenção da Fed.

Seja qual for o futuro a curto prazo, o de curtíssimo prazo, ou hoje, é claramente de cautela, especialmente depois dos números do composite purchasing managers’ index (PMI), que saíram já depois da abertura, terem revelado uma contracção, caindo para um mínimo de sete anos nos 49,6, contra os 53,3 do mês anterior, muito devido a uma queda no sector dos serviços, nomeadamente noturismo.

Com todos os principais índices no vermelho, as tecnológicas dominam as perdas, tanto nos índices, com o Nasdaq a ceder mais de -1%, como nos sectores, do S&P 500, com as tecnológicas a recuar -1,88%, ao passo que os activos refúgio são a preferência dos compradores, especialmente no ouro, que valoriza 1,3% para os $1,640 por onça. Com o fim de semana à porta, não é de esperar uma viragem significativa no mercado,

O gráfico de hoje é do ouro, o time-frame é mensal.

 

 

O preço do metal precioso está com “caminho livre” até aos $1780 por onça (linha azul), pelo menos em termos de análise técnica.

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