[weglot_switcher]

CDS-Lisboa pede 200 milhões de euros para MPME e trabalhadores independentes afetados pela Covid-19

Vereadores centristas querem apoios para assegurar sobrevivência do tecido empresarial num montante dez vezes superior àquele que a Câmara de Lisboa quer atribuir a restaurantes e lojas com quebras de faturação provocadas pela crise sanitária. “Fernando Medina já devia ter adotado esta medida antes”, realça João Gonçalves Pereira.
João Gonçalves Pereira
11 Novembro 2020, 11h22

Os vereadores do CDS-PP na Câmara de Lisboa irão propor na reunião do executivo comunitário desta quinta-feira a criação de um fundo de emergência de 200 milhões de euros para micro, pequenas e médias empresas (MPME) e trabalhadores independentes que estejam a sofrer o impacto da pandemia de Covid-19, num montante dez vezes superior aos apoios que o presidente da autarquia, Fernando Medina, anunciou para restaurantes e lojas que atravessem dificuldades devido à crise sanitária e a medidas de contenção como o recolher obrigatório.

Fernando Medina disse, em declarações ao “Jornal de Negócios”, que a Câmara de Lisboa irá apoiar restaurantes e lojas a fundo perdido, com montantes entre quatro e oito mil euros, nos casos em que a quebra de faturação entre janeiro e setembro (em relação a igual período de 2019) tenha sido igual ou superior a 25%. Poderão candidatar-se a estes apoios, válidos durante quatro meses, comerciantes e empresas de restauração desde que tenham a situação contributiva em dia com o Fisco e a Segurança Social.

Para o vereador centrista João Gonçalves Pereira, um dos quatro signatários da proposta para a criação do fundo de emergência de 200 milhões de euros, a intenção do executivo socialista é insuficiente e tardia. “Fernando Medina já devia ter adotado esta medida antes”, defende, recordando que a Câmara de Lisboa é a mais rica de Portugal, com um orçamento superior à soma daqueles que são geridos pelos municípios do Porto, Sintra e Oeiras.

A proposta do CDS-PP prevê apoios ao rendimento a fundo perdido e garantias a linhas de crédito destinados a quem tenha sido comprovadamente afetado pela crise sanitária e quem pretenda reconverter a atividade, mas João Gonçalves Pereira realça que a esmagadora maioria deve ser atribuída pela autarquia a fundo perdido, “pois as empresas já estão no limite do endividamento”. Ponto importante para os vereadores centristas é a necessidade de as empresas serem ajudadas a suportar encargos fixos, incluindo os salários, a energia e as rendas, pois “se o comerciante perder o espaço comercial tudo se torna mais difícil”. E a sobrevivência do tecido empresarial torna-se ainda mais importante quando os sinais de iminência de uma vacina para a Covid-19 permitem acreditar que o segundo semestre de 2021 “já será de retoma”.

“O município de Lisboa deve assumir um papel ativo e empenhado na adoção de medidas que, por um lado, permitam às empresas equilibrar a sua tesouraria e subsistir durante o atual período de exceção e, por outro, estimulem a reabilitação do tecido empresarial da cidade no período pós-crise pandémica, contribuindo assim para a manutenção de postos de trabalho e para o bem-estar das famílias”, defendem os vereadores centristas Assunção Cristas, João Gonçalves Pereira, Nuno Correia da Silva e Nuno Rocha Correia, que lideram a oposição ao executivo socialista de Fernando Medina.

Fazendo referência aos alertas da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) para a perda de 49 mil postos de trabalho, com 41% das empresas de restauração e similares e 19% das empresas de alojamento turístico a ponderar iniciar processos de insolvência – apelando a medidas que permitam fazer face a um período de grandes encargos, nomeadamente o pagamento de subsídios de Natal -, e da UACS – União de Associações de Comércio e Serviços da Região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo a qual o recolher obrigatório levará ao encerramento de muitas empresas e estabelecimentos comerciais, o CDS-PP defende que a Câmara de Lisboa deve aprovar medidas complementares, “que atendam ao contexto específico da economia do concelho de Lisboa e à importância que as empresas aqui sediadas têm no âmbito da economia regional e nacional”.

O concelho de Lisboa tinha em 2018, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), 104.692 empresas e 588.200 postos de trabalho, correspondendo a 8,8% e a 15,9%, respetivamente, do total nacional. Essas empresas geravam 20.722 milhões de euros de valor acrescentado bruto, correspondendo a 24,3% do total nacional.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.