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Centeno alerta que este “é o momento para todos constituírem almofadas financeiras”

Falando num “ciclo económico positivo, emprego e salários a aumentar e com a política monetária numa fase descendente” e na importância da estabilidade financeira para o crescimento nacional, o governador do BdP pede que todos os agentes económicos trabalhem para constituírem almofadas financeiras.
José Sena Goulão/Lusa
8 Outubro 2024, 15h12

O governador do Banco de Portugal (BdP) considera este o momento certo para os portugueses constituírem almofadas financeiras, dado o aumento do rendimento disponível, o alívio da inflação e a expectativa de abrandamento significativo da economia global, o que irá dificultar o crescimento nacional. O aviso é extensível ao Estado, englobando todos os agentes económicos do país.

“É o momento de todos construírem almofadas financeiras para o futuro”, afirmou Mário Centeno na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de outubro do BdP, falando num “ciclo económico positivo, emprego e salários a aumentar e com a política monetária numa fase descendente”.

Esta dinâmica relaciona-se com a subida da poupança das famílias, que estabilizará nos próximos dois anos num valor historicamente elevado (em torno de 11%), um fenómeno que o BdP projeta que ocorrerá mesmo com a normalização da política monetária no mesmo período. Para o governador do banco central, tal deve-se sobretudo a uma maior precaução das famílias após uma década difícil, mas também com a habituação a um ambiente de taxas positivas, algo que não ocorreu entre a crise financeira e a pandemia.

Ainda assim, a recomendação não se limitava às famílias. Perante este cenário, cabe também ao Estado reforçar as almofadas financeiras para fazer face a um possível abrandamento da economia global, com o país a ter de “tentar reservar a estabilidade” conferida pela correção nas contas públicas na última década.

Centeno reforçou, contudo, que o momento não é de considerações orçamentais, dada a proximidade da apresentação da proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), a ser conhecida daqui a dois dias, a 10 de outubro.

Também para a banca a recomendação se aplica, continuou o governador. Em linha com a nova exigência do BdP para que os bancos constituam, a partir de 1 de janeiro do próximo ano, nova almofada financeira – a chamada reserva contracíclica. Neste capítulo, a “estabilidade financeira é um fator absolutamente essencial para convergir”, pelo que cabe à banca continuar a cumprir as recomendações macroprudenciais do BdP.

“Todas as medidas que adiem serviço da dívida, que aumentem o serviço da dívida, que aumentem o risco dos mutuários são contrárias à estabilidade financeira”, resumiu.

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