O governador do Banco de Portugal avisou hoje que a economia portuguesa só vai regressar a níveis pré-pandemia no final de 2022.
A recuperação prevista para este ano vai depender da duração do atual confinamento, segundo Mário Centeno, que aponta que a recuperação em 2021 já não vai ser “tão forte” como previsto anteriormente devido à forte terceira vaga pandémica.
“No primeiro trimestre do ano, a contração do PIB vai depender da duração do confinamento e pode ser severo. Pesando tudo, continuamos a ver uma recuperação gradual, mesmo que seja assimétrica e desigual nos diferentes setores. Também esperamos que o PIB regresse ao nível pré-crise no final de 2022”, disse o governador em entrevista à publicação Central Banking, destacando que o BdP prevê uma taxa de desemprego de 8,8% para este ano.
Para o total deste ano, pode-se “esperar uma recuperação, mas provavelmente não tão forte como pensámos previamente. No lado positivo, os agentes económicos estão a aprender a lidar com os confinamentos. Estamos a lidar muito melhor com os efeitos da pandemia. E as vacinas são essenciais, e vão fazer a diferença nos próximos meses, enquanto as autoridades sanitárias mantêm o olho sob todas as variantes do vírus”.
O antigo ministro das Finanças apontou que os “dados disponíveis para o quarto trimestre revelam uma melhor performance da economia portuguesa face ao esperado”, destacando que a Comissão Europeia prevê que Portugal venha a crescer 4,1% este ano, “uma performance mais elevada do que a que o Banco de Portugal previa em dezembro”.
“Claro que continua a existir um grande grau de incerteza no curto prazo porque não sabemos a duração dos confinamentos nem em Portugal, nem na Europa. O que sabemos é que este confinamento é menos severo do que registado no segundo trimestre de 2020, apesar de levantar algumas preocupações. Terminámos 2020 com uma recessão menos severa do que a prevista anteriormente. A contração prevista é de 7,6%, menos do que nas estimativas anteriores”, afirmou à publicação.
Em relação à taxa de desemprego de 6,8% registada em 2020, mais baixa do que a prevista pelo Banco de Portugal, Mário Centeno apontou que isto explica-se parcialmente pela “redução no número de horas trabalhadas, mas ainda existia muita resiliência no mercado de trabalho”. Para este ano, o Banco de Portugal prevê uma subida para os 8,8%.
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