Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, garante que há um “rigor extremo” na gestão salarial do regulador onde “não há nenhum salário fora da tabela e nenhuma discricionariedade salarial”, em resposta à polémica sobre a remuneração de Hélder Rosalino enquanto consultor do banco central.
“O Banco de Portugal tem feito uma gestão rigorosa dos valores que paga e dos custos que assume perante a sociedade”, afirma Mário Centeno aos deputados numa audição pedida pelo Chega, na comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, detalhando que os custos com pessoal caíram 12,1% desde que passou a liderar o banco central, em 2020, enquanto o número de trabalhadores diminuiu 0,7%.
O partido liderado por André Ventura quer perceber quantos consultores existem no Banco de Portugal, porque razão foi criado este cargo e o que justifica os salários auferidos nestas funções. Questões que surgiram depois de o Executivo ter indicado o ex-administrador do Banco de Portugal Hélder Rosalino para secretário-geral do Governo, indo receber o mesmo salário (15 mil euros) que recebia no supervisor enquanto consultor. A instituição liderada por Mário Centeno esclareceu que não iria suportar esse encargo e o antigo administrador acabou por desistir do cargo.
O governador explicou que há duas carreiras no Banco de Portugal: a técnica e a de direção. “Consultor da administração não é uma carreira. É uma função à qual apenas têm acesso os diretores” do regulador e que é temporária (durante um período, por norma, de três meses). “Não há concursos e, por isso, não há critérios. O único critério é estar-se na carreira de direção do Banco de Portugal”, acrescentou.
Atualmente, disse, existem seis consultores, representando 0,35% da força de trabalho do Banco de Portugal. “Na última década e meia, o número máximo de consultores foi alcançado em 2014, com 13, havendo dois em 2022”, referiu, notando que o “número veio a reduzir-se muito significativamente e é sempre um número residual dentro do universo dos 1.700 trabalhadores do Banco de Portugal”.
Além disso, é uma função que apenas é ocupada “por colaboradores com carreiras relevantes quer no banco quer em serviços públicos”, dando o exemplo de Cavaco Silva, Vítor Gaspar ou Vítor Constâncio.
Mário Centeno disse ainda que “há uma grelha salarial que é pública e que é atualizada de acordo com as negociações coletivas do setor bancário”, sublinhando que “não há nenhum salário fora da tabela e nenhuma discricionariedade salarial” na entidade que lidera.
Sobre o facto de o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, ter decidido convocar a comissão de vencimentos do Banco de Portugal, depois de mais de 10 anos sem que isso acontecesse, o governador explicou que “é tão natural convocá-la, como não convocá-la”, considerando que não houve motivos para o fazer ao longo dos mais de cinco anos em que ocupou as funções de ministro das Finanças.
Notícia atualizada às 12:14
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