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CEO da Ryanair defende expansão da Portela e culpa ANA pelos prejuízos em Portugal

“Fazia bem à ANA ter concorrência”, afirmou Michael O’Leary na conferência de imprensa em Lisboa esta terça-feira. Plano passa duplicar número de rotas, reabrir a base de Ponta Delgada, criar 500 postos de trabalho, reduzir a sazonalidade em Faro, Ponta Delgada e Funchal e juntar 16 novos aviões à operação.
Cristina Bernardo
24 Julho 2024, 07h30

O CEO da companhia low cost Ryanair considerou, em conferência de imprensa que decorreu em Lisboa, que a urgência relativamente à infraestrutura aeroportuária em Lisboa, tendo em conta as necessidades da companhia, passa pelo aumento da capacidade do aeroporto da Portela.

Este responsável continua a defender que o Montijo seria uma melhor opção para alocar o novo aeroporto, uma vez que este já tem pista e podia abrir em 18 meses. No entanto, depois da escolha recair sobre o Campo de Tiro de Alcochete, o CEO alerta para a necessidade urgente de aumentar a capacidade do aeroporto da Portela.

Na opinião de Michael O’Leary, CEO da Ryanair, o problema de Alcochete está na previsão de abertura, que de acordo com o Executivo de Luís Montenegro está apontada para 2034, o que, no entender do CEO da Ryanair, é uma previsão com um prazo demasiado longo.

“Lisboa precisa de um novo aeroporto, pode ser Alcochete. No entanto, a data de operabilidade fica muito aquém”, refere Michael O’Leary, sublinhando que “é necessário aumentar rapidamente a capacidade do aeroporto da Portela”.

O CEO salienta que é inteligente ter os dois aeroportos perto da capital, algo que acontece em várias cidades europeias, garantindo que se os dois coexistirem, a companhia aérea voaria para ambos. No entanto, refere que “é sempre bom serem geridos por duas entidades diferentes”, algo que não vai acontecer no novo aeroporto de Lisboa, que também vai ser gerido pela ANA.

“Fazia bem à ANA ter concorrência”, afirmou Michael O’Leary.

Em conferência de imprensa, depois de apresentados os resultados do primeiro trimestre da companhia aérea, que ficaram abaixo do esperado, com uma queda de 46% nos lucros para 360 milhões de euros, o CEO sublinhou que a ANA tem aumentado as taxas aeroportuárias, o que tem feito o tráfego diminuir.

A grande maioria dos países está a reduzir estas taxas de forma a aumentar o tráfego. No entanto, a ANA tem feito o contrário, tendo este ano subido as taxas em 17% em Lisboa e 11% no Porto, que é o maior aeroporto da Ryanair em Portugal. Este aumento foi uma das razões dadas pela empresa para não ter registado qualquer tipo de crescimento em Portugal este ano.

Este aumento das taxas já fez com que a companhia aérea fechasse a sua base em Ponta Delgada, que viu as taxas subirem 9%, e reduzir em 50% a sua base na Madeira neste verão, com risco de encerramento permanente desta.

“Apelamos ao fim do monopólio aeroportuário da ANA para tomar medidas e reduzir as suas taxas aeroportuárias excessivas. A decisão monopolista da ANA de aumentar as taxas até 17% é absurda, quando a maioria dos outros estados da UE estão a reduzir as taxas para atrair investimento das companhias aéreas e incentivar o crescimento”, afirma Michael O’Leary.

A companhia aérea enviou um plano, em “maio ou junho”, ao Governo para duplicar o número de passageiros transportados em Portugal, com o objetivo de chegar aos 27 milhões até 2030, no entanto, ainda não teve oportunidade de reunir com o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

O plano apresentado pela empresa prevê a duplicação do número de rotas, para mais de 320, reabrir a base de Ponta Delgada, criar 500 postos de trabalho, reduzir a sazonalidade em Faro, Ponta Delgada e Funchal e juntar 16 novos aviões à operação, num investimento de 1,6 mil milhões de dólares.

Rápida privatização da TAP

Michael O’Leary defende que a “privatização da TAP deve acontecer o mais rápido possível”, no entanto, esta privatização vai levar a um aumento dos preços das passagens, “porque os compradores quererão aumentá-los”.

Esta é o inverso do que está a acontecer neste momento, numa altura em que os preços dos bilhetes de verão registaram uma “descida imprevista”, uma vez que os consumidores estão sob pressão devido à inflação e à subida das taxas de juro. Segundo o CEO o preço das passagens vai ficar 5% mais baixo nos próximos meses.

Michael O’Leary considera que a britânica IAG é a melhor candidata para a compra da companhia aérea portuguesa, no entanto, deixa essa escolha para o Governo português. Apenas sublinha que é necessário fazer esta privatização o mais rapidamente possível, “a TAP está sempre à espera da próxima crise”, refere o CEO.

Ferrovia até Madrid não é preocupação

Com a construção da nova ferrovia portuguesa, que ligará Lisboa a Madrid, o CEO da companhia aérea irlandesa refere que “sempre competimos com a ferrovia”, não considerando esta um problema.

“Há zonas geográficas que só podemos ir de avião e outras onde podemos ir facilmente de comboio, depende do tempo de viagem e do valor”, afirma Michael O’Leary. Entre Lisboa e Madrid a escolha do meio de transporte vai depender dos mesmos fatores.

O CEO da empresa salienta que na Europa “a ferrovia é cara”, sublinhando que dependendo da rota, por norma, os aviões são mais utilizados.

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