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Cerca sanitária funcionou e Ursula Von der Leyen conseguiu ser eleita

Ao contrário do que a própria chegou a temer, Von der Leyen foi eleita com uma larga maioria – que não tinha conseguido há cinco anos. O ‘caderno de encargos’ é de envergadura e aparenta vir a exercer forte pressão sobre o orçamento.
von der Leyen
epaselect epa11485343 Ursula von der Leyen reacts after being re-elected as European Commission President during a plenary session of the European Parliament in Strasbourg, France, 18 July 2024. MEPs re-elected Von der Leyen as European Commission President for the next five years. EPA/RONALD WITTEK
20 Julho 2024, 14h00

Não tinha acontecido há cinco anos, mas desta vez a cerca sanitária dos partidos europeus do centro – e os do centro direita e do centro esquerda – mantiveram-se juntos e conseguiram eleger a conservadora (PPE) alemã Ursula Von der Leyen para um segundo mandato como presidente da Comissão Europeia. Novamente ao contrário do que sucedeu há cinco anos, Von der Leyen foi desta vez eleita por uma margem muito confortável de 117 votos – a diferença entre os 401 votos a favor e os 284 votos contra. Há cinco anos, a diferença havia sido de apenas nove votos – o que demonstra duas evidências: as reticências que o hemiciclo mantinha em 2019 em relação à ex-ministra germânica de Defesa (entre outras partas) e a vontade de o atual elenco parlamentar cerrar fileiras face ao crescimento dos partidos de extrema-direita que agora se sentam na assembleia dos 27. Em termos de votação, e tal como sucede várias vezes, à extrema-direita juntou-se a extrema-esquerda, que também não esteve disponível para votar em Ursula Von der Leyen.

Passado o ‘susto’ – que fez com que ao longo dos últimos dias a ‘renovada’ presidente da Comissão tivesse mantido intensos encontros diplomáticos para que não houvesse surpresas na votação desta quinta-feira – Ursula Von der Leyen tem agora pela frente um intenso trabalho de cinco anos. Tem agora em mãos o desafio de manter a União Europeia em harmonia com os princípios que presidiram à sua criação e que se encontram debaixo do fogo serrado da extrema-direita – como ficou bem claro estas últimas semanas com afazeres diplomáticos ‘não solicitados’ do húngaro Viktor Orbán enquanto presidente do Conselho da União Europeia. Aliás, Von der Leyen gastou uma parte do seu discurso anterior à votação a zurzir as iniciativas do também primeiro-ministro húngaro, que o levou a encontrar-se com Vladimir Putin, Xi Jinping, Recep Erdogan, Donald Trump e ainda um visivelmente incomodado Vladimir Zelensky.

A agenda para os próximos cinco anos é muito diferente da de 2019: defesa e dependência energética entram no capítulo das prioridades – onde já estavam a imigração e a coesão social (que agora é acrescentada com a habitação).

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