Lei da oferta e da procura. É assim que funcionam os mercados de energia em todo o mundo. Um eventual cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia tem a capacidade para aliviar os preços do gás natural e do petróleo.
A conclusão é da consultora Rystad que considera que os impactos serão maiores no mercado do gás face ao do petróleo. Um acordo de cessar-fogo deverá incluir o alívio das sanções sobre os combustíveis fósseis russos, acredita.
Em resultado, uma “maior disponibilidade de gás russo vai pressionar os preços em baixa, em particular o índice europeu TTF”, que chegou a recuar 13% em meados de fevereiro quando Donald Trump disse ter falado com Vladimir Putin sobre o fim da guerra na Ucrânia.
No petróleo, a pressão baixista sobre os preços “será mais limitada” com um cessar-fogo permanente, pois a produção de crude russo está limitada pelas metas da OPEP+ e não tanto pelas sanções, mas “fluxos mais elevados” de petróleo “podem materializar-se”.
Ao mesmo tempo, “o fim das hostilidades irá reduzir o prémio de risco geopolítico nos mercados de petróleo”.
Jorge Leon destaca que um preço mais baixo do petróleo vai colocar “pressão máxima sobre o Irão”.
“A administração Trump pode considerar mais fácil aplicar pressão máxima sobre o Irão e perder 1,5 milhões de barris diários de exportações iranianas num ambiente de preços baixos com a OPEP+ a aumentar a produção e com o aumento do fornecimento russo”.
“Os fluxos globais de comércio, que foram alterados desde a invasão da Ucrânia há três anos, podem também mudar se um acordo de paz for alcançado. Como tal, o resumo de algum gás de pipeline para a Europa pode vir a ter lugar”, prevê a consultora sediada na Noruega.
Apesar de ainda ser cedo, um cessar-fogo pode ter “grandes implicações” no mercado de energia. “Ainda estamos longe de um acordo de cessar-fogo permanente entre a Rússia e a Ucrânia, mas estes desenvolvimentos oferecem um raio de esperança”, conclui a Rystad.
Na tarde de quarta-feira, o Kremlin disse aguardar detalhes de Washington sobre um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia, depois de um encontro responsáveis dos EUA e da Ucrânia na Arábia Saudita para discutir os termos.
Questionado se Moscovo vai exigir o levantamento das sanções, o porta-voz do Kremlin disse que era preciso receber primeiro a informação sobre o encontro que teve lugar em Jeddah, segundo Dmitri Peskov, citado pela “Reuters”.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros dos EUA disse que as sanções impostas pela Europa iriam estar em cima da mesa, segundo Mark Rubio.
Volodymyr Zelenskiy disse que o encontro na Arábia Saudita foi construtivo e que um potencial cessar-fogo pode ser usado para atingir um acordo de paz definitivo.
O Kremlin disse na quarta-feira que as tropas russas estavam a fazer avanços na região de Kursk dentro da Rússia.
Um cessar fogo incondicional parece estar fora de questão para Moscovo, segundo uma alta fonte russa disse à “Reuters”.
Vladimir Putin disse em meados de 2024 que a Ucrânia tem de desistir de aderir à NATO e de retirar todas as suas tropas das quatro regiões controladas pela Rússia, cerca de um quinto da Ucrânia. Já Kiev considera que as regiões foram anexadas ilegalmente e que nunca irá reconhecer a soberania russa nestas regiões.
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