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Chefe do governo espanhol em viagem tensa a Barcelona

As duas cidades tiveram dificuldade em encontrar uma plataforma de entendimento para que Pedro Sánchez e Quim Torra. Afinal, ambos são líderes de um governo.
20 Dezembro 2018, 07h10

O governo espanhol e o governo catalão concordam em reunirem esta quinta-feira em Barcelona na tentativa de encontrarem uma plataforma que lhes permite encontrarem uma forma de ultrapassarem a crise política que envolve o executivo de Pedro Sánchez.

Mas, apesar de terem acordado a reunião, quase tudo correu mal nos bastidores: a vice-primeira-ministra do governo central, Carmen Calvo, explicava um dia antes que haveria duas reuniões: uma espécie de mini-cimeira entre Sánchez e o chefe do governo da Calalunha, Quim Torras, e outra entre ministros do governo central e conselheiros da Generalitat. Pouco tempo depois, o governo mandava dizer que haveria apenas uma reunião.

Pior ainda foi o local da reunião. Torras queria receber o chefe do governo na sede do governo, mas Sánchez queria um local ‘politicamente neutro’, para que o encontro não parecesse um ‘meeting’ entre dois chefes do governo. Venceu a tese de Sánchez – que ao jantar de hoje reunirá com a cúpula da associação de empresários catalã, a Fomento del Trabajo.

Questões de segurança estiveram também na origem de um desaguisado: o chefe do governo chegou a avançar que iria convocar a polícia para acompanhar a reunião e garantir a segurança de todos, o que deixou Quim Torras muito desagradado – uma vez que Barcelona tem a sua própria polícia, os moços de esquadra, que Madrid acusa de ser muito laxista para com os independentistas.

A Generalitat pretendia que a reunião abordasse a raiz do conflito catalão, mas fontes do governo espanhol adiantaram que se trata de pouco mais que uma saudação ‘de cortesia’.

O encontro entre Sánchez e Torra irá ocorrer na véspera de um conselho de ministros que o governo realizada na sexta-feira em Barcelona, o que é considerado por alguns independentes como uma provocação.

Quim Torra garantiu que o encontro é uma “grande oportunidade de diálogo” para elevar o que definiu como “o grande consenso da sociedade catalã” ao conhecimento do chefe do governo. Torra usou os dados de uma sondagem publicada este fim-de-semana segundo a qual cerca de 80% na sociedade catalã está de acordo em debater de cinco questões fundamentais para a região: a Monarquia, a aplicação do artigo 155, a repressão judicial contra os líderes do processo de independência, a defesa do direito à autodeterminação e o modelo da escola catalã.

Por seu turno, Sánchez definiu a viagem a Barcelona como “um gesto de concórdia” e voltou ao discurso do diálogo. “A ida a Barcelona é um sinal de respeito pela Catalunha. Estivemos em Sevilha, vamos estar em Barcelona e noutras cidades, é um reconhecimento da diversidade territorial e um sinal de afeto pela sociedade catalã”.

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