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Chega quer beneficiários do RSI recrutados para funções públicas

Diploma pretende alterar Lei de Bases da Segurança Social para que beneficiários em condições para trabalhar exerçam funções de limpeza, trabalho auxiliar e outros serviços nas suas áreas de formação técnica, profissional ou académica enquanto receberem a prestação social.
José Sena Goulão/Lusa
6 Abril 2021, 16h21

O Chega pretende alterar a Lei de Bases da Segurança Social para os beneficiários do rendimento social de inserção (RSI) e de outras prestações sociais tenham de fazer trabalho público enquanto receberem essas verbas do Estado. Segundo um projeto de lei entregue nesta terça-feira na Assembleia da República, estaria em causa o recrutamento dessas pessoas para funções públicas necessárias como “limpeza, trabalho auxiliar em instalações ou departamentos públicos ou prestação de serviços na área de formação técnica, profissional ou académica do beneficiário”.

O diploma do deputado único do partido, André Ventura, ressalva que as funções públicas a exercer, quando tal for possível para os beneficiários do RSI, deverão “estar previamente definidas e ser acordadas em função das condições pessoais do beneficiário e da sua formação escolar, académica e profissional”.

Na exposição de motivos do projeto de lei do Chega defende-se que o RSI é um “caso paradigmático” da injustiça resultante do contraste entre a “enorme carga fiscal que sufoca os portugueses” e os “benefícios sociais contínuos (extremamente dispendiosos)” de que grupos sociais beneficiam “sem qualquer contrapartida para a sociedade que para eles trabalha e contribui”.

Apesar de reconhecer casos em que a “solidariedade social e humana”, que Ventura sublinha ser própria de um Estado de Direito assente na dignidade da pessoa humana, “impõe a atribuição (muitas vezes prorrogável e de longa duração) de apoios sociais tendentes à concretização de uma vida pessoal e/ou familiar minimamente digna”, o deputado único do Chega contrapõe-lhes a “subsidiodependência crónica que urge diminuir, corrigir e redimensionar”. Algo que, em seu entender, se traduz na permanência de “jovens de plena saúde e em efetiva condição de trabalho” durante “longos meses ou anos” a beneficiar do RSI e a fazer com que “empresários não consigam mão de obra para os seus negócios”.

“O que se pretende é que os beneficiários do RSI e prestações idênticas ou equiparadas – com recurso ao critério justificativo e funcional – contribuam com trabalho, sempre que possível e dentro da sua área profissional ou de formação, para o bem-estar da comunidade”, lê-se no texto introdutório do projeto de lei, no qual se defende que a atribuição desse tipo de subsídios “deve promover a integração e a inclusão, nomeadamente através do trabalho, e não cultivar a inatividade ou a subsidiodependência, promotoras de gritantes desigualdades sociais e financeiras”.

Segundo os dados mais recentes do Instituto de Segurança Social, referentes a fevereiro de 2021, havia 214.239 beneficiários de RSI em Portugal, concentrados sobretudo nos distritos de Lisboa, Porto e Setúbal. dos quais mais de 63 mil eram menores de idade, enquanto os maiores de 65 anos ficavam aquém dos sete mil. O valor médio dessa prestação social cifrava-se, no mesmo mês, em 119,39 euros, o que resultava num encargo total mensal de 25,5 milhões de euros.

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