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China e Rússia reafirmam parceria estratégica

Um dia depois de Donald Trump ter ameaçado a Rússia com tarifas de 100% e sanções adicionais, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo encontrou-se com o presidente chinês para aprofundar uma parceria de largo espectro. A China está numa frenética atividade diplomática.
16 Julho 2025, 07h00

O presidente chinês, Xi Jinping, encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores russo Sergey Lavrov em Pequim, esta terça-feira, reafirmando o forte impulso da parceria estratégica abrangente China-Rússia. Segundo a imprensa chinesa, Xi Jinping pediu a Lavrov que transmitisse calorosas saudações ao presidente Vladimir Putin e enfatizou a importância de implementar totalmente o consenso fundamental alcançado entre os dois chefes de Estado.

O chefe do Estado chinês enfatizou a necessidade de apoio mútuo contínuo em plataformas multilaterais, salvaguardando os interesses de desenvolvimento e segurança de ambos os países e fortalecendo a solidariedade com os países do Sul Global para promover uma ordem internacional mais justa e equitativa.

O encontro – que aparentemente não podia ser mais caloroso – deu-se um dia depois de Donald Trump, agastado com o mau andamento dos seus planos para acabar com a guerra na Ucrânia, ter decidido aumentar o fluxo de armas para o leste da Europa (se os europeus estiverem disponíveis para pagar) e ter dado um prazo de 50 dias à Rússia para encontrar uma solução para o conflito, findo o qual lançará sanções sobre o país e imporá tarifas de 100% sobre os produtos russos à entrada dos EUA.

Interessado em não tornar a defesa da Rússia uma estratégia apenas conjunta e desligada de outras potências, Xi Jinping – que não costuma receber ministros com pasta – destacou a importância estratégica da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) na salvaguarda da paz, estabilidade e desenvolvimento em todo o continente eurasiático. O presidente chinês pediu esforços conjuntos para apoiar o desenvolvimento da OCX, injetar novo impulso à organização e transformá-la numa plataforma estratégica para cooperação regional. A acontecer, a soma de sinergias entre a OCX e os BRICS poderá criar um grupo com grande influência global.

Do seu lado, e segundo as mesmas fontes, Lavrov observou que, sob a orientação estratégica dos dois líderes, as relações Rússia-China continuam a ser aprofundadas e reafirmou o compromisso do seu país em desenvolver laços comuns. Lavrov enfatizou a necessidade de maior coordenação em assuntos regionais e internacionais e expressou firme apoio à presidência rotativa da China na OCX, prometendo trabalhar em conjunto para garantir o sucesso da próxima cimeira em Tianjin (China, a cerca de 130 km da capital).

O encontro serviu ainda para discutir vários temas relacionados com os contactos políticos bilaterais de alto nível, incluindo uma próxima visita de Putin à China. De acordo com a agência russa Ruptly, o líder russo deverá participar no desfile de 3 de setembro, em Pequim, que assinala os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

A reunião entre Xi Jinping e Lavrov realizou-se à margem da cimeira de ministros dos Negócios Estrangeiros da OCX. A reunião serve como preparação política para a cimeira de Tianjin, que acontecerá de 31 de agosto a 1 de setembro próximos.

A atividade diplomática chinesa está ao rubro: para além do encontro no âmbito da OCX, realizou-se também em Pequim – e também esta terça-feira – um encontro entre o primeiro-ministro chinês Li Qiang e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. Qiang disse que a China está pronta para trabalhar com a Austrália para aprofundar e expandir ainda mais a cooperação bilateral, visando um nível mais alto de benefícios mútuos que responda aos interesses de ambos os países. Li fez os comentários durante a 10ª Reunião Anual de Líderes China-Austrália.

O vice-primeiro-ministro chinês disse que as duas economias são altamente complementares, com amplo espaço para cooperação em áreas como recursos energéticos, produtos agrícolas, desenvolvimento verde e inovação tecnológica. A China está disposta a utilizar plenamente vários mecanismos de diálogo com a Austrália e a fortalecer a cooperação entre diferentes setores para explorar mais interesses comuns. E lembrou que a China e a Austrália, como defensoras e beneficiárias do multilateralismo e do livre comércio, são promotoras ativas da cooperação na região da Ásia-Pacífico.

Albanese disse que a Austrália está disposta a fortalecer intercâmbios e diálogos de alto nível com a China em vários campos, incluindo diplomacia e comércio, e a garantir que as diferenças não definam o relacionamento bilateral.

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