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China responde a Trump e avança com tarifas de 84% às importações dos EUA

Aí está a resposta da segunda maior economia do mundo à decisão de Trump em avançar com tarifas de 104%: a China anunciou que as importações dos EUA vão ser taxadas a 84%. O banco central da China pediu a redução das compras de dólares e o preço do petróleo está a níveis de fevereiro de 2021.
9 Abril 2025, 12h34

A China anunciou hoje uma taxa adicional de retaliação de 50% sobre as importações oriundas dos Estados Unidos, para 84%, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. O Ministério das Finanças chinês afirmou que as novas taxas se aplicam para além das 34% anteriormente anunciados sobre as importações dos Estados Unidos. As taxas entram em vigor esta quinta-feira.

As bolsas de valores caíram ainda mais após o anúncio. Neste momento, o FTSE 100 cai 3,4%, o índice Stoxx 600, que acompanha as maiores empresas europeias, cai 4,2%, d alemão Dax cai 3,4% e o francês CAC 40 derrapa 3,4%.

A iniciativa do governo de Xi Jinping é mais um mecanismo de combate às tarifas propostas pela administração Trump – que colocou a China sob uma ‘impensável’ tarifa de 104% sobre os produtos chineses à entrada nos Estados Unidos. Mas não foi a única ferramenta usada por Pequim – que disse que não cederia àquilo que chamou a “chantagem” de Washington: o regime chinês ‘inundou’ o mercado com títulos da dívida pública norte-americana, de que é o segundo detentor mundial logo a seguir ao Japão, pressionando em alta os juros da dívida norte-americana aa 10 anos.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu novamente aos Estados Unidos que parem com seu “comportamento arrogante e intimidador”. O porta-voz do ministério, Lin Jian, disse que “se os Estados Unidos realmente querem resolver o problema por meio do diálogo e da negociação, devem adotar uma atitude de igualdade, respeito e benefício mútuo”. Trump achou sempre que a China acabaria por ceder e ‘bater à porta’ da Casa Branca para iniciar conversações – como dias em posts nas redes sociais. Mas o certo é que Pequim não ‘quebrou’ e Trump ficou a falar sozinho. Face ao silêncio de Xi Jinping, os analistas perceberam que a promessa de não cair na chantagem norte-americana era mesmo para levar a sério. O que, entre outras coisas, quer dizer que a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo vai ser uma realidade até que uma delas ceda. Pequim considera que tem mais poder ‘de encaixe’ que Washington – até porque tem um mercado interno mais vasto – mas a Casa Branca por certo considerará o mesmo. No meio deste embate, está o resto do mundo.

Fontes do mercado citadas pela agência Reuters disseram que o banco central da China pediu aos principais bancos estatais que reduzam as compras de dólares norte-americanos e não permitam quedas acentuadas do yuan. Ao mesmo tempo, o Ministério do Comércio chinês adicionou 12 entidades norte-americanas à sua lista de controlo de exportação e seis empresas à lista de entidades não confiáveis, o que as sujeita a restrições de investimento e comércio. A China também remeteu uma ação judicial adicional contra as novas tarifas norte-americanas na Organização Mundial do Comércio – instituição que deixou de contar com as contribuições financeiras dos Estados Unidos, no contexto da lógica da imposição generalizada de tarifas por parte da administração.

Segundo informações vindas da China, o governo liderado por Xi Jinping está a compor um pacote de auxílio interno para as empresas ganharem músculo para resistirem às consequências adversas das tarifas impostas por Washington. Várias economias têm avançado para este tipo de soluções, como foi o caso da Espanha – com o governo socialista de Pedro Sánchez a isolar para o efeito um financiamento de 14 mil milhões de euros. Portugal segue-lhe os passos, com um pacote que deverá ficar acima dos dois mil milhões de euros.

Como não podia deixar de ser, e face ao evidente arrefecimento da economia e principalmente das trocas comerciais globais, o preço do petróleo está em acentuada queda. Os preços futuros do petróleo bruto Brent caíram mais de 4% esta quarta-feira, ficando abaixo dos 60 dólares por barril pela primeira vez desde fevereiro de 2021 – quando no início deste mês estava nos 75 dólares. O West Texas Intermediate, referência norte-americana, também caiu 4%, para 57 dólares. Estas descidas podem desde já inviabilizar uma das promessas de Donald Trump, que, durante a campanha presidencial, disse que iria aumentar a produção de petróleo norte-americano acima dos níveis recorde atingidos durante a administração Biden. A descida dos preços é um forte incentivo a que os produtores norte-americanos desistam de aumentar a extração de petróleo.

 

 

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