Entraram esta segunda-feira em vigor as tarifas chinesas acrescidas de 10% a 15% sobre importações norte-americanas, uma decisão que visa responder às medidas da mesma natureza decretadas recentemente pela administração Trump e que agrava a guerra comercial em curso entre as duas maiores economias do mundo. Pequim anunciou ainda a colocação de 25 empresas dos EUA numa lista de restrições ao investimento e exportações.
As tarifas recaem sobre produtos maioritariamente agroalimentares, com um acréscimo de 15% sobre o frango, milho, trigo e algodão provenientes dos EUA e de 10% sobre as importações de soja, carne de porco e vaca, vegetais, produtos lácteos e sorgo. Esta escalada surge após a imposição de mais 10% de tarifas nos EUA às importações chinesas, uma política que, segundo Pequim, viola as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
A China é o maior destino das exportações agrícolas norte-americanas, representando 21 mil milhões de dólares (19,4 mil milhões de euros) em 2024, de acordo com os dados do comércio dos EUA.
A soja, por exemplo, representou quase 13 mil milhões de dólares (12 mil milhões de euros) de vendas para a China no ano passado, sendo que três empresas norte-americanas viram a sua licença de exportação na segunda maior economia do mundo suspensa. Quase metade das exportações norte-americanas de soja no ano passado tiveram como destino a China.
As autoridades chinesas suspenderam ainda a importação de madeira norte-americana, alegando que foram encontrados problemas fitossanitários em algumas remessas à chegada ao país.
Além das tarifas acrescidas, Pequim acrescentou 15 empresas norte-americanas à lista de controlos de exportação, limitando o fornecimento chinês de tecnologias de uso dual, e 10 empresas à lista de entidades não confiáveis. Estas incluem a biotecnológica Illumina, cujos produtos de mapeamento genético ficam agora banidos na China, ou a fabricante de drones Skydio.
Estas empresas juntam-se, por exemplo, à PVH, a dona norte-americana de marcas como a Tommy Hilfiger ou Calvin Klein, visada na ronda de fevereiro de tarifas e retaliações. À altura, os responsáveis chineses decidiram também impor um aumento de 15% na tarifa associada à importação de carvão e gás natural liquefeito norte-americano e 10% para o petróleo, além de avançarem com controlos de exportação para 25 metais raros, como o tungsténio.
A decisão de Washington traduz-se numa tarifa duas vezes mais alta do que anteriormente, chegando a 20%. Os EUA acusam a China de inação perante a entrada de grandes quantidades de químicos utilizados na produção de fentanyl, o poderoso opioide responsável pela epidemia vivida atualmente no país.
Pequim rejeita as acusações, argumentando que a proliferação desta substância se deve exclusivamente ao falhanço da política doméstica norte-americana, acusando os EUA de coação.
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