Em declarações à agência Lusa, o presidente da empresa aeroespacial portuguesa Tekever, Ricardo Mendes, adiantou que o envolvimento da China no satélite “Infante” passa pelo seu lançamento e pelo desenvolvimento de alguns sensores.
A colaboração da China na construção e no lançamento do satélite de observação da Terra, “totalmente português”, é feita ao abrigo do STARlab, que resulta de uma parceria entre entidades públicas e privadas portuguesas e chinesas.
A Tekever é um dos parceiros e lidera o consórcio de empresas e universidades responsável pelo desenvolvimento do satélite “Infante”, que irá recolher dados marítimos e da superfície terrestre.
Ricardo Mendes espera que o “Infante”, que tem um custo de cerca de 10 milhões de euros, cofinanciado por fundos europeus, possa ser a antecâmara para o fabrico de novos satélites em Portugal.
Em outubro, o Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), que faz parte do consórcio de construção do satélite, anunciou que o “Infante” será o precursor de outros satélites a lançar até 2025 para observação da Terra e comunicações, com foco em aplicações marítimas.
Direcionado para a produção de pequenos satélites e a observação dos oceanos, o STARlab está em fase de instalação em Portugal.
Para breve, disse o presidente da Tekever, sem precisar prazos, está a criação de um polo de investigação em Matosinhos, no CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, outro dos parceiros portugueses e que tem projetos na área da vigilância marítima e exploração do mar profundo.
O anunciado polo de Peniche do laboratório transitou para as Caldas da Rainha, onde a Tekever tem instalações, adiantou Ricardo Mendes, acrescentando que o STARlab será constituído como uma associação sem fins lucrativos, entre os parceiros públicos chineses e os privados portugueses.
Em novembro, em declarações à Lusa, o ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, afirmou que o STARlab estaria a funcionar em pleno em março deste ano e teria dois polos em Portugal, um em Matosinhos e outro em Peniche.
Para Ricardo Mendes, o que tem demorado mais tempo é a harmonização entre a legislação portuguesa e a chinesa para formalizar a constituição do laboratório.
O STARlab vai candidatar-se a fontes de financiamento nacional, comunitário e chinês, estimando investir, em cinco anos, 50 milhões de euros, montante repartido em partes iguais entre Portugal e China, país que tem crescido no setor da construção e do lançamento de microssatélites.
O laboratório luso-chinês está também envolvido em projetos de robótica subaquática (veículos e sensores) e na produção e no lançamento de uma constelação de pequenos satélites para validar “tecnologias de posicionamento” de satélites no espaço.
O STARlab resulta da colaboração entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia, a Tekever, o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, do lado português, e a Academia de Ciências Chinesa, através dos institutos de microssatélites e de oceanografia.
De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, o laboratório deverá incentivar a abertura de centros científicos e tecnológicos em Portugal e na China, neste caso em Xangai.
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