Assumindo-se como “atores cruciais nos desafios e metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável assumidos pela Organização das Nações Unidas, bem como nas questões de transformação digital e tecnológicas”, engenheiros civis de todo o mundo debateram, no âmbito do Lisbon CES 2019 – Civil Engineering Summit 2019, promovido pela Ordem dos Engenheiros, que teve o Jornal Económico como Media Partner, os principais desafios que se colocam hoje à sua atividade.
Certo de que a digitalização e a tecnologia são os novos e grandes desafios, o anfitrião Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros, em jeito de balanço deste evento de dimensão internacional, afirmou que ainda existe “um longo caminho a percorrer antes de atingir os mesmos níveis de desenvolvimento na maioria dos países do mundo. Chegamos ao século XXI dentro de um panorama em que a maior parte do mundo ainda enfrenta falta de necessidades básicas, serviços públicos e infraestruturas, cujas soluções urgentes são desafios para os engenheiros e para a comunidade mundial”.
Em seu entender, se por um lado os engenheiros civis estão a viver grandes mudanças fruto da era digital, por outro, continuam a enfrentar grandes desafios para resolver os problemas antigos e persistentes. “Infelizmente, como representante dos engenheiros portugueses, devo mencionar as dificuldades que os nossos colegas, principalmente os mais jovens, continuam a enfrentar, como consequência da crise financeira que afetou Portugal em 2009 e, apesar da recuperação de nossa economia, os salários permanecem muito baixos”, reforçou o bastonário.
O responsável recordou ainda que, nos últimos 10 anos, o setor perdeu 350 mil trabalhadores e mais de 60 mil pequenas empresas de construção, tendo ficado a laborar quatro ou cinco das 25 grandes empresas que operavam então em Portugal. Apesar de com a recuperação da economia, a atividade da engenharia civil ter crescido significativamente, com a reabilitação urbana e as obras públicas a permitir a revitalização do setor, ainda há muito para melhorar.
Reforçando o compromisso para com o património da engenharia civil, de entre as principais conclusões desta jornada de cinco dias de trabalho, Fernando de Almeida Santos, vice-presidente da Ordem dos Engenheiros, frisou que o exercício da profissão é hoje marcado pela necessidade de combinar, na esfera da mobilidade profissional, o intercâmbio com os engenheiros locais, sendo que é fundamental, no plano da cooperação internacional, que os profissionais estejam munidos de atributos globais de forma a potenciar a mobilidade e o reconhecimento. No capítulo da educação, as principais metas passam pela do ensino da engenharia no decorrer do percurso profissional, bem como por apostar em tornar a engenharia, cada vez mais, atraente para os jovens.
O desafiante futuro da atividade destes profissionais, na leitura da Ordem dos Engenheiros, passa ainda por apostas fundamentais como a definição de competências e skills; potenciando também todas aqueles, de cariz social, ou seja, não técnicas; concretizar a passagem de “Hard Engineer” para “Soft Engineer”; dedicando especial atenção aos dossiers da sustentabilidade, nomeadamente, a economia circular, mudanças climáticas, recursos hídricos, descarbonização e novas tecnologias. Neste último capítulo, com uma nova velocidade do aumento do conhecimento, o foco terá de estar nas respostas inteligentes (cidades, território, mares, redes, comunicações etc.). O responsável não deixou de sublinhar os desafios em matéria de ética e igualdade de género na profissão.
O Lisbon CES 2019 ficou igualmente marcado pelo anúncio, feito por Marlene Kanga, presidente da World Federation of Engineering Organizations (WFEO), da celebração, pela primeira vez, do Dia Mundial da Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável, a 20 de março de 2020.
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