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Cluster automóvel europeu recusa Brexit sem acordo

Pelo menos 23 associações europeias do setor automóvel, entre eles a AFIA, produziram e assinaram um documento em que pedem às duas partes para que cheguem a um acordo de saída.
24 Setembro 2019, 07h33

Os principais representantes da indústria europeia de componentes automóveis alertam para consequências catastróficas de um Brexit sem acordo e, a pouco mais de um mês para o Reino Unido deixar a União, apelaram em conjunto para que as duas partes evitem essa situação a todo o custo.

As organizações que representam fabricantes de veículos e peças em toda a União, a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) e a Associação Europeia de Fornecedores Automotivos (CLEPA), bem como 21 associações nacionais, entre as quais a portuguesa (Associação de Fabricantes da Indústria Automóvel, AFIA), francesa e alemã, juntaram forças para enfatizar o impacto que um Brexit’sem acordo teria sobre um dos ativos económicos mais valiosos da Europa.

A indústria automóvel é uma das maiores histórias de sucesso da União, afirma o comunicado conjunto, e contribui para o crescimento e a riqueza, produzindo 19,1 milhões de veículos por ano e empregando 13,8 milhões de pessoas em todo o setor – um em cada 16 da força de trabalho da União. A potencialidade dos benefícios do Mercado Único e da união aduaneira em benefício das empresas em todo a agregado está bem patente na história do setor – que em Portugal assegura exportações que rondam os 10 mil milhões de euros.

Os líderes da indústria europeia alertaram que as repercussões de ‘nenhum acordo’ nesse setor vital serão severas: provocaria uma mudança sísmica nas condições comerciais, com biliões de euros em tarifas ameaçando impactar a acessibilidade do consumidor nos dois lados do canal.

O fim do comércio livre pode trazer perturbações prejudiciais ao modelo operacional just-in-time do setor, com o custo de apenas um minuto de paralisação da produção no Reino Unido somando 54.700 euros de perdas.

Por outro lado, novas tarifas da OMC sobre o setor podem acrescentar 5,7 mil milhões de euros aos preços do comércio de automóveis entre os dois lados do Canal da Mancha, sendo certo que fabricantes não podem absorver a totalidade este custo adicional. Os fabricantes de automóveis acreditam que tais interrupções e custos devem ser evitados e que todo o esforço deve ser feito para a conclusão de uma retirada ordenada do Reino Unido da União.

Christian Peugeot, presidente da associação francesa, disse, citado pelo comunicado, que “o Brexit não é apenas um problema britânico, estamos todos preocupados com a indústria automóvel europeia”. As 23 organizações que assinaram o documento alinham por estas declarações e pedem pressa: 31 de outubro está já muito perto.

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