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“Com Bolsonaro, o Brasil corre o risco de entrar numa ditadura”

O investigador brasileiro da Universidade do Minho Sergio Denicoli considera que existe uma grande possibilidade de o Brasil entrar numa ditadura e abolir o congresso caso o candidato presidencial da extrema-direita, Jair Bolsonaro, vença as eleições.
4 Outubro 2018, 09h26

“Bolsonaro é um candidato que não está atento às questões partidárias. No próximo congresso, estão-se a desenhar algumas bancadas muito fortes, como a bancada dos militares, que já é uma bancada alinhada a ele (Bolsonaro), a bancada evangélica cristã que também é muito alinhada a ele”, disse Sergio Denicoli, em entrevista à agência Lusa.

“O vice de Bolsonaro (General Mourão) chegou a dizer que seria interessante que houvesse uma constituição de notáveis, que não passasse pelo congresso”. E “todos os discursos são sempre de redução do sistema partidário que é o que sustenta o sistema democrático”, analisou Denicoli.

O investigador brasileiro considera ainda que os brasileiros “não iriam ficar muito impressionadas” caso Bolsonaro propusesse um encerramento do congresso e “talvez até apoiassem” essa decisão devido ao fraco desempenho do congresso brasileiros nos últimos anos.

Caso vença as eleições, o candidato do Partido Social Liberal (PSL) terá garantido um suporte militar, através do apoio das Forças Armadas, suporte económico, com o apoio do agro-negócio, por exemplo, e suporte religioso, com as igrejas evangélicas a prestarem publicamente o seu apoio, como é o caso do Bispo Edir Macedo, líder da IURD (Igreja Universal do reino de Deus).

Para o investigador da Universidade do Minho, o apoio público de Edir Macedo a Bolsonaro pode ter sido um dos grandes motivos para a subida do candidato do PSL nas mais recentes sondagens.

“Edir Macedo é o dono da Igreja Universal e da rede “Record”. É um grande empresário brasileiro e é um religioso que movimenta muita gente, e quando ele fala que apoia o Bolsonaro ele está simbolizando que todas as pessoas que estão ligadas à estrutura dele podem estar simpáticas à candidatura, e isso tem um peso muito grande” afirmou Denicoli.

No entanto, o investigador brasileiro acredita que esta eleição não ficará resolvida na primeira volta, devido à grande taxa de rejeição que o candidato da extrema-direita obtém (mais de 40%).

Sergio Denicoli, que também é diretor da AP/Exata, uma empresa de inteligência digital e análise de dados, analisa o comportamento dos apoiantes de cada partido nas redes socias, e afirma que nunca viu uma campanha política tão forte e organizada como a de Jair Bolsonaro.

“A militância de Bolsonaro é muito mais ativa do que a militância de qualquer outro candidato. Eles têm uma militância na rede extremamente forte. Quando eles viram a possibilidade das ruas serem tomadas por pessoas ligadas o movimento #elenão, eles mobilizaram-se muito rapidamente e conseguira, no domingo, fazer um movimento de apoio ao Bolsonaro. Várias cidades tiveram aos ruas tomadas em apoio a esse candidato.

O movimento #elenão, foi uma manifestação levada a cabo, primeiramente, por mulheres na rede social Facebook, contra o candidato populista, e, no passado sábado, os protestos passaeam para as ruas de todo o país, mobilizando milhares de pessoas.

No domingo foi a vez dos apoiantes de Bolsonaro se agruparem em prol do candidato do PSL à presidencia brasileira.

A primeira volta das eleições Presidenciais está marcada para dia 7 de outubro, enquanto que a segunda volta decorrerá a 28 deste mês.

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