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Com impulso da China, superavit comercial do Brasil cresce mesmo com queda nas vendas para os EUA

País regista saldo positivo de 6,96 biliões de dólares em outubro e bate recordes no acumulado do ano. Balança comercial tem défice de 1,76 biliões no mês passado com os americanos.
9 Novembro 2025, 15h49

balança comercial brasileira registou um superavit de 6,96 biliões de dólares em outubro, um salto de 70,2% sobre o saldo apurado no mesmo mês do ano passado.

O resultado ocorreu mesmo após as exportações para os Estados Unidos terem despencado 37,9% em outubro, quando somaram 2,2 biliões de dólares. Em relação a outubro de 2024, a retração foi de 1,4 biliões de dólares.

A queda nas vendas para os americanos reflete em parte o aumento de tarifas impostas pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros. Em agosto, no primeiro mês sob a aplicação da sobretaxa de 50%, as vendas caíram 16,5% (dado revisto). Também houve recuo em setembro, de 20,3%.

Em outubro, o Brasil registou um défice comercial de 1,76 biliões de dólares com os EUA. Isso significa que o país importou mais produtos americanos do que exportou a esse parceiro comercial. As importações somaram 3,98 biliões de dólares no mês passado –crescimento de 9,6% em relação a outubro de 2024.

O recuo nas vendas para os americanos, no entanto, contrasta com o avanço expressivo das exportações para outros destinos, sobretudo a China. Em outubro, houve um aumento de 33,4% nas exportações ao país asiático, totalizando 9,21 biliões de dólares.

Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) nesta quinta-feira (6).

Um encontro presencial entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos EUA, Donald Trump, na Malásia, no mês passado, deu início a uma nova fase de negociações entre os dois países sobre as tarifas. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, prevê uma nova reunião com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na próxima semana, no Canadá.

No acumulado de janeiro a outubro, em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, as exportações para os Estados Unidos caíram 4,5%, totalizando 31,46 biliões de dólares. As importações, por sua vez, somaram 38,30 biliões, um aumento de 11,6%. O saldo no período foi um défice de 6,84 biliões de dólares para o Brasil.

“Os Estados Unidos vêm ampliando a queda por conta dos três últimos meses seguidos de redução [da compra de produtos brasileiros]”, disse o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão.

Segundo o técnico do Mdic, a redução nos embarques para os EUA em outubro não se deve apenas à sobretaxa, mas a uma procura menor, visto que a venda de produtos isentos também caiu. É o caso, por exemplo, de combustíveis, celulose e ferro-gusa.

“Muito provavelmente, além desse efeito de diminuir a competitividade dos produtos brasileiros, há uma menor procura dos Estados Unidos em geral por conta dos choques tarifários”, afirma Brandão.

Commodities, em geral, teria facilidade de encontrar outros mercados. O comércio internacional costuma ser resiliente em encontrar os seus caminhos. Para alguns produtos, teria essa facilidade. Para produtos mais industrializados, não, como, por exemplo, máquinas e equipamentos”, comentou o diretor de estatísticas sobre redirecionamento de produtos.

No total, em outubro, as exportações brasileiras atingiram 31,98 biliões de dólares, o que representa um crescimento de 9,1% em relação ao mesmo mês de 2024. O valor é inédito para meses de outubro.

Segundo Brandão, o que motivou o crescimento foi principalmente o aumento dos embarques. “O volume exportado cresceu 10,3%, ao passo que os preços dos bens apresentaram uma ligeira queda de 0,9%”, disse. “Com esse aumento de outubro, vem-se consolidando o crescimento da exportação ao longo do segundo semestre”, acrescentou.

As importações, por outro lado, caíram 0,8% no mesmo período, totalizando 25,01 biliões de dólares. Com isso, a corrente de comércio subiu 4,5%, atingindo 56,99 biliões de dólares, valor inédito para meses de outubro.

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